Cibele Chacon
Da Redação
Mais do que uma data marcada no calendário, o Natal atravessa gerações como um tempo de pausa, reflexão e reencontro com valores que, muitas vezes, se perdem na correria do cotidiano. Para a Igreja Católica, a celebração carrega um significado profundo, que vai além das tradições e do consumo. É nesse contexto que o bispo da Diocese de Paranavaí, Dom Mário Spaki, compartilha reflexões sobre a vivência do Natal nos dias atuais.
Dom Mário lembra que o ponto de partida do Natal é o nascimento de Jesus Cristo e a mensagem de amor que ele representa para a humanidade. “O Natal é, antes de tudo, a celebração do nascimento de Jesus Cristo, o Salvador, que veio ao mundo como um sinal do imenso amor de Deus pela humanidade em geral e por cada um de nós”, afirma.
Segundo o bispo, essa mensagem se concretiza no dia a dia, especialmente dentro das famílias, por meio da amizade, da fraternidade e da caridade. Na Diocese de Paranavaí, esse preparo tem sido vivido intensamente com os encontros da Novena de Natal. “Uma família unida no amor não cai pronta do céu”, ressalta.
Uma mensagem de luz em tempos difíceis
Em um cenário marcado por desafios sociais, emocionais e espirituais, o Natal se apresenta como um tempo de esperança. Para Dom Mário, a presença de Deus não se limita ao passado, mas permanece viva na realidade atual. “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz”, cita, ao reforçar que Deus continua sustentando a humanidade na alegria e na luz.
Nesse sentido, o bispo destaca que o Natal fala diretamente às pessoas que enfrentam dor, incerteza ou solidão. “Para aqueles que enfrentam momentos de dor, incerteza ou solidão, o Natal traz uma mensagem de esperança”, afirma, ao lembrar que Deus está presente mesmo nas situações mais difíceis.
Entre o consumo e o sentido espiritual
Apesar de toda a força simbólica da data, Dom Mário reconhece que o Natal, muitas vezes, acaba sendo marcado pelo excesso de consumo. “Muitos aspectos comerciais têm tomado conta do Natal, afastando o verdadeiro significado dessa data”, observa.
Para ele, o desafio da Igreja é resgatar o sentido espiritual da celebração, incentivando a simplicidade, a oração e as ações concretas de caridade. O bispo reforça que o amor ao próximo e a solidariedade são caminhos para viver o Natal de forma mais autêntica.
Mesmo diante das transformações sociais, o Natal continua sendo um período de forte mobilização da fé e da vivência comunitária. Dom Mário destaca que, na Diocese de Paranavaí, cerca de 20 mil livrinhos da Novena de Natal foram adquiridos pelas famílias, que estão se reunindo em suas casas para rezar e refletir.
Além das celebrações litúrgicas e das missas especiais, a Igreja também promove campanhas solidárias, reforçando o compromisso com os mais necessitados. Para o bispo, a vivência comunitária se fortalece pelo exemplo e pelo serviço ao próximo.
Valores urgentes para a cidade e o país
Ao olhar para o momento atual, Dom Mário aponta a solidariedade como um dos valores mais urgentes. Ele também destaca a esperança e o perdão como pilares fundamentais para a convivência social. A Diocese de Paranavaí está concluindo o Ano Jubilar “Peregrinos de Esperança”, marcado por caminhadas, romarias e encontros com diferentes públicos.
O bispo chama a atenção para a importância de manter viva a esperança em um tempo em que, segundo ele, a desesperança tem se espalhado de forma intensa.
Natal: a festa da família
O fortalecimento dos laços familiares aparece como um dos pontos centrais da reflexão de Dom Mário. Ele lembra que o próprio nascimento de Cristo acontece no contexto da família de Nazaré, reforçando a importância da unidade e do amor. “As pessoas viajam longe para se encontrarem com os familiares no Natal: é a festa da família”, destaca.
Para o bispo, o Natal é uma oportunidade concreta de reconstruir relações, cultivar o respeito mútuo e praticar a caridade dentro do próprio lar. Questionado sobre onde encontrar esperança hoje, Dom Mário aponta os gestos de solidariedade, o trabalho da Igreja junto às famílias, aos doentes e aos mais pobres, além da força da juventude. Ele lembra que a Diocese de Paranavaí realiza mais de 70 acampamentos por ano, a maioria voltada aos jovens, que buscam sentido e espiritualidade.
Para aqueles que estão afastados da Igreja, o bispo vê o Natal como uma porta aberta para o recomeço espiritual. “Certamente, o Natal é um excelente momento para o recomeço espiritual”, afirma, reforçando que a Igreja é um espaço de acolhimento.
Em meio à correria do fim de ano, Dom Mário também convida à desaceleração. “O Natal deve ser, sim, um tempo de silêncio e interioridade”, diz, lembrando que a verdadeira paz nasce do encontro com Deus e não da agitação externa.
Uma mensagem para Paranavaí
Ao encerrar a entrevista, Dom Mário Spaki deixa uma mensagem direta à população. “Que este Natal seja um momento de união, em que possamos olhar para o próximo com amor e carinho, e reforçar os laços defraternidade”, afirma. Ele deseja ainda que “a paz de Cristo, que ultrapassa todo entendimento, seja o presente mais precioso que cada um de nós possa oferecer e receber neste Natal”.
