O serviço de neurocirurgia da Santa Casa de Paranavaí atingiu no mês passado um marco histórico: a realização da milésima cirurgia. A informação é do neurocirurgião André Malheiros, que em junho completará cinco anos que começou a atender no hospital. “É um marco. Estou feliz em atingir esta marca”, disse ele.
Os números são realmente para comemorar. Para se ter uma ideia e fazer comparação: nestes quatros anos e meio, Malheiros realizou uma média de 18 a 20 cirurgias por mês. Antes eram realizadas uma média de 25 neurocirurgias por ano, ou seja, um crescimento de 700%. As cirurgias mais realizadas são casos de VC e trauma.
Se de um lado o especialista comemora a marca, de outro lamenta que ela poderia ser ainda melhor, “talvez o dobro”. Isto porque, o serviço de neurocirurgia ainda não foi credenciado pelo Ministério da Saúde, que permitiria a realização de cirurgias pelo SUS. Atualmente são realizadas pelo sistema público apenas os casos de trauma, ou seja, casos violentos de acidentes. “Nestes períodos especiais, como Natal, Ano Novo, Semana Santa e Carnaval, evito viajar, porque são quando geralmente aumentam os números de acidentados no trânsito”, diz Malheiros.
Outra marca do serviço é que neste mês está sendo realizada a 11ª neurocirurgia por vídeo, que é menos invasiva e o paciente se recupera mais rápido. “Temos uma excelente equipe e equipamentos de ponta, mas ainda estão subutilizados, pois o DNA da Santa Casa é SUS e o hospital ainda não foi credenciado para este serviço”, lamenta.
Por conta disso, ele não pode realizar as cirurgias eletivas pelo sistema público, que são disponibilizadas apenas para usuários de planos de saúde e particular. “Estes pacientes (do SUS) são mandados para outras cidades”, conta Malheiros. “Isto traz uma série de complicações: às vezes o paciente está com alta, mas a ambulância não foi busca-lo. E muitos não fazem a consulta de retorno e avaliação da cirurgia justamente pela dificuldade de transporte”, complementa.
Turismo de saúde – O neurocirurgião defende que haja uma mobilização regional para conquistar o credenciamento, que, na sua opinião, depende de uma ação política. Também defende que as prefeituras banquem algumas destas cirurgias na Santa Casa de Paranavaí, como fazem com outros hospitais. “Poderia ser realizada aqui pela tabela do SUS”, aponta. “A gente percebe que há uma demanda reprimida”, acrescenta.
Além de oferecer mais comodidade aos pacientes desta região, que estariam perto de seus familiares e mais próximos ao hospital para fazer as revisões, o credenciamento pelo SUS do serviço de neurologia traria ganhos econômicos para a cidade. “O turismo de saúde é uma realidade e fortalece os municípios”, diz ele.
Enquanto aguarda a possibilidade de realizar cirurgias eletivas de sua especialidade, o cirurgião continua atuando para melhorar o serviço. Esta semana ele anunciou que vem atuando para instalar na Santa Casa um Stroke Center. Esta unidade objetiva anular os casos de AVC hemorrágico quando há a identificação precoce da doença.
Conversa em Brasília – O credenciamento da Santa Casa no Ministério da Saúde para prestar do serviço de neurocirurgia aos usuários do SUS foi tema de uma conversa esta semana em Brasília, onde esteve o diretor-geral do hospital, Héracles Alencar Arrais, que foi recebido pelo deputado Beto Preto, ex-secretário estadual da Saúde. “O deputado conhece a nossa realidade e os caminhos que devem ser trilhados. Ele nos ajudou muito para que a Unidade Morumbi funcionasse, bem como para a instalação da nova UTI. E certamente vai nos ajudar nesta questão”, disse.
Arrais mostra-se otimista em ainda este ano conseguir este credenciamento. “Estamos há um bom tempo trabalhando nesta questão e não vamos desistir até conseguir a autorização para fazer as cirurgias eletivas de neurocirurgia aqui mesmo em Paranavaí”, arrematou.
Comentários 0