REINALDO SILVA
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“Trabalhar sem medir esforços até o último momento.” O apelo da chefe regional da Vigilância Epidemiológica, Samira Silva, é dirigido às equipes de saúde do Noroeste do Paraná e chama a atenção para a importância de ampliar o alcance vacinal contra a poliomielite. Na reta final da campanha nacional, ainda há municípios que não atingiram a meta de 95% das crianças menores de 5 anos.
Até a conclusão desta matéria, o Ministério da Saúde não tinha sinalizado a prorrogação da campanha, com fim previsto para hoje (30).
Samira Silva cita o caso de Paraíso do Norte, onde o índice era de 91,3% na manhã de ontem. Os profissionais intensificaram as buscas ativas, inclusive na área rural, e identificaram crianças que não completaram o esquema de imunização contra a poliomielite, doença também conhecida como paralisa infantil.
Conforme os dados do sistema de informações do Ministério da Saúde, o Localiza SUS, também estavam abaixo da meta Paranapoema (66,7%), Terra Rica (79,1%), Amaporã (79,6%), Nova Aliança do Ivaí (81%), Alto Paraná (85,5%), Inajá (86%), Santa Mônica (88,4%), Loanda (92,3%), São Carlos do Ivaí (92,7%), Paranavaí (92,7%) e Cruzeiro do Sul (93,4%).
Em contrapartida, a maioria dos municípios ultrapassou o número de doses previstas e vacinou mais crianças do que a estimativa feita com base no levantamento populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os casos mais emblemáticos estão em São Pedro do Paraná (136,3%), Porto Rico (128,7%), Tamboara (116,3%) e Planaltina do Paraná (114,2%).
Da mesma forma, superaram os 95% Santa Isabel do Ivaí (109,7%), Jardim Olinda (109,2%), Diamante do Norte (107,3%), Marilena (106,7%), Guairaçá (104%), Mirador, Santa Cruz de Monte Castelo (102,9%), São João do Caiuá (101,3%), Itaúna do Sul (101,3%), Santo Antônio do Caiuá (100,8%), Querência do Norte (100,4%) e Nova Londrina (98,5%).
Considerando a média entre os municípios, o Noroeste do Paraná tinha, até a manhã de ontem, 94,87% das crianças com menos de 5 anos vacinadas contra a paralisia infantil. A expectativa era vencer a meta até o final do dia. Trata-se do maior índice do Estado. Para se ter uma ideia, a 2ª Regional de Saúde de Curitiba estava com 42,59%.
No Brasil – Números da Sociedade Brasileira de Imunização (SBMI) mostram que 30% das crianças com menos de 1 ano não estão vacinadas contra a poliomielite. 40% não receberam a primeira dose de reforço com 1 ano. 55% das crianças de 4 anos estão sem o segundo reforço.
O esquema de imunização contra a paralisia infantil inclui três doses no primeiro ano de vida, com vacina injetável, e duas de reforço, aos 15 meses e aos 4 anos, ambas via oral.
O sinal de alerta está ligado. Com a baixa cobertura vacinal, o risco de reintrodução da doença no Brasil é real. O país recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994, no entanto, até que seja erradicada no mundo, como ocorreu com a varíola, o vírus pode ser transportado de um lugar para o outro e voltar a circular.
Segundo a SBMI, dois países têm quadro endêmico, Paquistão e Afeganistão. Doença endêmica é aquela que se manifesta com frequência e, por isso, a população convive com ela constantemente.
Já são 28 países com retorno da paralisia infantil devido à queda das coberturas vacinais, com registros de surtos pontuais no Mediterrâneo Oriental, na África e na Europa. Quatro países foram classificados como de risco muito alto de reintrodução da doença (Haiti, Peru, República Dominicana e Venezuela) e seis são considerados de risco alto (Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Panamá e Paraguai).
Samira Silva informa que por causa da baixa cobertura vacinal, outras doenças estão retornando. Cita o surto de meningite em São Paulo e faz um apelo à população: “Se a gente não tomar consciência [do problema], vai haver uma regressão”.
Unidades de saúde – Grande parte das vacinas está disponível gratuitamente nas unidades de saúde dos municípios do Noroeste do Paraná. Quem precisa iniciar o esquema de imunização ou completar as doses de reforma deve procurar o ponto de atendimento mais próximo de casa e garantir a proteção. É uma questão de saúde individual e também coletiva.
Mesmo com o fim da campanha de vacinação contra a poliomielite, o imunizante pode ser aplicado durante todo o ano, já que está incluído na chamada rotina, conforme determina o Plano Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde.