REINALDO SILVA
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A cada 100 imóveis de Cruzeiro do Sul, 17,2 têm focos do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. É o índice de infestação mais elevado do Noroeste do Paraná, sendo considerado de alto risco. Outros 16 municípios da região se encontram na mesma faixa de classificação.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os índices menores que 1% representam baixo risco de infestação; números de 1% a 3,9% são considerados de médio risco; e acima de 4%, alto risco.
Com base nos levantamentos feitos este mês em todos os municípios, os registros da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) revelam o seguinte quadro:
Cruzeiro do Sul – 17,2%
Santa Isabel do Ivaí – 12,6%
Santa Mônica – 10,8%
Amaporã – 10,4%
Querência do Norte – 9,2%
Santo Antônio do Caiuá – 9,1%
Terra Rica – 9,1%
Loanda – 7,9%
Alto Paraná – 7,5%
São Pedro do Paraná – 7,4%
Paranavaí – 7,2%
Itaúna do Sul – 6,9%
Marilena – 6,3%
Diamante do Norte – 5,7%
Inajá – 4,7%
Planaltina do Paraná – 4,5%
Guairaçá – 4%.
O chefe regional da Vigilância em Saúde, Walter Sordi Junior, afirma que os números refletem a falta de ações efetivas de prevenção.
É fato que de dezembro do ano passado até a primeira quinzena de março deste ano a região teve chuvas constantes, o que dificultou o trabalho de campo, mas mesmo nos períodos de estiagem, os municípios não fizeram o que deveriam, da forma como deveriam, avalia Sordi Junior.
Antes da temporada chuvosa seria necessário eliminar possíveis criadouros do Aedes aegypti, limpar terrenos e prédios públicos, fazer a manutenção das tubulações de água e esgoto, cobrar de forma enfática dos moradores a organização adequada de quintais e imóveis e aplicar multas pelo descarte irregular de lixo.
Agora é correr contra o tempo para amenizar o problema. “Fazer a limpeza que não foi feita, intensificar as visitas domiciliares, fiscalizar”, aponta o chefe regional da Vigilância em Saúde.
Evitar cenários de epidemia será difícil, considerando os altos índices de infestação do mosquito transmissor da dengue, por isso é essencial que as prefeituras se mobilizem rapidamente.
Médio risco – O segundo Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (Lira) de 2023, feito em toda a região este mês, mostrou que 11 municípios estão em situação de médio risco e nenhum ficou abaixo de 1%.
A lista a seguir mostra quais são as cidades que enfrentam médio risco e os índices de infestação que alcançaram:
Paranapoema – 3,7%
Nova Aliança do Ivaí – 2,9%
Paraíso do Norte – 2,9%
Tamboara – 2,7%
Porto Rico – 2,5%
São Carlos do Ivaí – 2,3%
Nova Londrina – 2,2%
São João do Caiuá – 1,7%
Santa Cruz de Monte Castelo – 1,2%
Jardim Olinda – 1,1%
Mirador – 1%.
Em janeiro deste ano, no primeiro Lira, apenas dois municípios registraram números menores que 1%, portanto em baixo risco: Diamante do Norte (0,4%) e Santa Cruz de Monte Castelo (0,8%).
Casos e morte – De 1º de agosto de 2022 até 27 de março de 2023, a Sesa contabilizou 1.229 casos de dengue nos 28 municípios da região. A maior incidência de confirmações por habitantes é de Marilena, onde houve uma morte por complicações da doença – um homem de 84 anos, em dezembro do ano passado.
Segue a lista de municípios e número de casos, conforme o boletim do Governo do Estado:
Alto Paraná – 14
Amaporã – 44
Cruzeiro do Sul – 2
Diamante do Norte – 37
Guairaçá – 17
Inajá – 18
Itaúna do Sul – 16
Jardim Olinda – 2
Loanda – 12
Marilena – 471
Mirador – 6
Nova Aliança do Ivaí – 1
Nova Londrina – 168
Paraíso do Norte – 25
Paranapoema – 2
Paranavaí – 98
Planaltina do Paraná – 5
Porto Rico – 20
Querência do Norte – 6
Santa Cruz de Monte Castelo – 21
Santa Isabel do Ivaí – 21
Santa Mônica – 20
Santo Antônio do Caiuá – 3
São Carlos do Ivaí – 2
São João do Caiuá – 11
São Pedro do Paraná – 106
Tamboara – 7
Terra Rica – 74.
Chikungunya – Walter Sordi Junior lembra que o Aedes aegypti também é transmissor de outras doenças, quais sejam, chikungunya, zika e febre amarela. Além da dengue, preocupa a confirmação de dois casos de chikungunya, sendo um em Paranavaí e outro em Santo Antônio do Caiuá. Um paciente de Terra Rica apresentou sintomas da doença e o caso está sendo investigado.
Secretarias – O Diário do Noroeste tentou conversar com as secretarias de Saúde de Cruzeiro do Sul, município com maior índice de infestação do Aedes aegypti, e de Marilena, onde o óbito foi registrado, mas não teve retorno.