REINALDO SILVA
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Em visita a Paranavaí nesta sexta-feira (10), a secretária estadual da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, Leandra Dal Ponte, afirmou:
“Nosso trabalho é fortalecer a rede de proteção às mulheres, com serviços focados no atendimento às vítimas de violência”.
Ela coordena a Caravana Paraná Unido pelas Mulheres, cujo objetivo é mobilizar os municípios a fim de que estruturem as ferramentas de acolhimento e atendimento à população feminina. Trata-se de uma grande estratégia para fazer com que as ações do estado cheguem a todas as cidades.
A integração do poder público com a sociedade é essencial. “Só assim nós seremos mulheres seguras, protegidas e respeitadas”, disse a secretária. Nesse sentido, a caravana se tornou a maior mobilização da história do Paraná ao colocar a pauta feminina na agenda política.
A primeira edição, em 2023, resultou na criação da Secretaria de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa. O governo também instituiu o conselho estadual e o fundo estadual voltados para a defesa dos direitos das mulheres.
Graças a esse arranjo de governança, o Paraná já conta com mais de 50 municípios com estrutura própria para mulheres e mais de 200 conselhos municipais. Este ano, 153 prefeituras paranaenses receberão recursos do governo estadual para o fundo municipal. O total estimado é de R$ 20 milhões.
VIOLÊNCIA
De acordo com Leandre Dal Ponte, o Paraná é o terceiro estado brasileiro com maior número de denúncias de violência contra mulheres.
“Por que isso acontece?”, questionou. “É porque o estado está entre os mais violentos? Não é só isso. Temos, sim, violência em todos os estados, mas aqui no Paraná temos uma campanha permanente que incentiva as mulheres a denunciar, e isso é um fator muito importante.”
Na opinião da secretária, o êxito existe quando a mulher se empodera e busca proteção e apoio para sair do ciclo de violência.
Ao mesmo tempo, disse ela, é necessário punir os autores da violência. “O estado tem mecanismos para registrar essas denúncias e ir atrás dos criminosos, que é o que estamos fazendo agora com a Operação Vida. Em 30 dias de operação, já registramos mais de 510 prisões. Isso mostra que não vamos tolerar a impunidade.”
A Operação Vida citada pela secretária tem duas frentes de atuação. A primeira é focada na redução dos índices de homicídios, furtos, roubos e tráfico de drogas. A segunda se concentra na proteção às mulheres, evitando casos de violência nas ruas, em casa, no trabalho, no transporte coletivo e por onde elas circulam.
A iniciativa é da Coordenadoria de Operações Integradas de Segurança Pública (COISP) da Diretoria de Políticas Públicas (DPP) da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).
PROTEÇÃO
Caravana Paraná Unido pelas Mulheres mostrou à comunidade os serviços de proteção às mulheres e o caminho que a vítima precisa percorrer. “Esse caminho não pode falhar. Não importa qual seja a porta de entrada: Polícia Militar, Delegacia, posto de saúde, Cras ou Creas. A mulher precisa ser acolhida, atendida, com o menor dano possível”, enfatizou Leandre Dal Ponte. Muitas vezes, quando a mulher procura um serviço, é revitimizada, precisa contar toda a história de novo.
“Queremos que procurem ajuda em todos os órgãos do estado e do município. Essa estruturação que estamos propondo vai trazer uma mudança cultural, uma nova forma de olhar para as mulheres vítimas de violência. Queremos acolher, mas também prevenir esses crimes, porque muitos são preveníveis.”
POLÍTICA
A secretária também falou sobre a participação das mulheres na política partidária e resumiu: “Temos um longo caminho a percorrer.” Basta olhar os números de cadeiras ocupadas por elas nas casas legislativas.
“Na Câmara dos Deputados, da qual faço parte, sou deputada federal, somos em 513 parlamentares, apenas 91 mulheres. Eu me licenciei e hoje temos só 90. Na Assembleia Legislativa do Paraná, das 54 cadeiras apenas 10 são ocupadas por mulheres.”
Além das atribuições impostas social e culturalmente à população feminina, que dificulta a participação delas na vida pública, existe a violência política de gênero, assim considerada toda ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou restringir os direitos políticos da mulher.
“Uma população que é composta por mais de 50% de mulheres não tem como ser representada por 15%, por melhor que sejam essas mulheres. Precisamos aumentar a representatividade”, concluiu Leandre Dal Ponte.