*Maria Tereza Umbelino
A audiência pública da Comissão Senado do Futuro sobre Serviços Ecossistêmicos e Títulos Verdes discutiu abertamente soluções inovadoras frente aos desafios globais relacionados à preservação da biodiversidade, em novembro do ano passado. Na ocasião, foi possível abordar a solução oferecida pelo BMV Global, grupo brasileiro selecionado pela CivTech Alliance, rede mundial de organizações públicas, como uma das 18 soluções apresentadas durante a COP26 a serem escalonadas internacionalmente no combate às mudanças climáticas.
O Grupo BMV oferece o Selo Sustentabilidade Tesouro Verde, também premiado pelo governo da Dinamarca. O Selo é baseado em um ativo ambiental ESG denominado Unidade de Crédito de Sustentabilidade (UCS), concebido pelo Grupo BMV com o advento do Código Florestal Brasileiro e tratativas relacionadas ao protocolo de Kyoto. Em linhas gerais, a UCS oferece uma oportunidade econômica e reputacional para empresas, governos e indivíduos se beneficiarem de uma certificação ESG que remunera produtores rurais pela atividade de conservação da floresta em pé.
Esta lógica se baseia na premissa de que a conservação da biodiversidade precisa ser inserida enquanto insumo de todos os processos produtivos, incluindo produtos e serviços, ao mesmo tempo em que atende aos acordos globais, diretrizes de governança corporativa e à madura legislação ambiental brasileira.
Quando o tema é conservação da biodiversidade, infelizmente há vários desafios globais para a construção reputacional do Brasil no exterior, principalmente nos mercados europeu e norte-americano. Nossos esforços, portanto, devem se voltar ao posicionamento e engajamento de soluções ambientais e socioeconômicas 100% brasileiras, como o Grupo BMV e a UCS. Precisamos envolver todos os setores produtivos, públicos e privados, no reconhecimento da necessidade de uma lógica econômica que considere a floresta em pé como capital, gerando com isso uma ampla gama de benefícios ESG, tanto reputacionais como de valuation.
Em termos econômicos, empresas se beneficiam do uso das UCSs, por exemplo, com receitas oriundas de produtos nature positive, potenciais abatimentos tributários, compensação de passivos ambientais e redução dos custos de capital e dívida, além da possibilidade de usar as UCS como garantia de financiamentos. Em termos reputacionais, exemplos incluem uma melhor percepção de clientes, retenção de talentos e fidelidade de fornecedores.
Do lado governamental, a possibilidade de auferir uma nova fonte de receita que otimize as contas públicas e traga benefícios substancialmente melhores à sociedade. Além disso, a possibilidade de criar políticas públicas eficazes que estimulem o empreendedorismo sustentável e a obtenção de investimentos estrangeiros lastreados pelo patrimônio natural sob domínio público.
Em outras palavras, além dos benefícios à sociedade e atendimento às agendas 2030 e pactos globais, o potencial de remuneração ao poder público e ao setor privado são reais e transformadores. Com isso garantiremos a segurança dos negócios, da biodiversidade e da qualidade de vida no planeta. Temos um Tesouro Verde nas mãos e cabe a nós traçarmos os caminhos rumo a um futuro mais verde e sustentável.
*Maria Tereza Umbelino é CEO do Brasil Mata Viva – BMV Globa