Faleceu na tarde do último domingo (7) Genivaldo Nascimento mais conhecido como “Preto”, aos 62 anos, vítima de um infarto. Ele foi encontrado morto em sua própria casa por uma de suas netas e não apresentava problemas de saúde nos últimos meses. Além de músico e integrante do Grupo Gralha Azul, ele trabalhava como motorista na 14ª Regional de Saúde de Paranavaí.
Dezenas de familiares e amigos estiveram presentes para prestar as últimas homenagens durante o velório e também em seu sepultamento que ocorreu às 14h desta segunda-feira. Durante o velório, uma de suas músicas favoritas foi tocada e cantada por todos dentro da Capela: “Você”, de Tim Maia.
“Você é algo assim, é tudo pra mim, é como eu sonhava, baby. Sou feliz, agora. Não vá embora, não”, ressoava em todo o salão e, de acordo com Reginaldo Araújo, amigo há mais de 30 anos de “Preto”, não houve como segurar as lágrimas. “Convivemos por anos juntos e a banda sempre tocava em nossos eventos e encontro de amigos. Vai fazer muita falta”, disse.
Dorival Torrente e Juarez Ferreira de Souza, o Juca, integrantes do conjunto, também estiveram presentes. Eles contam que fizeram poucas apresentações durante a pandemia e agora estavam retomando os ensaios para uma nova abertura de apresentações. “Estávamos ensaiando e ele não demonstrava nenhum problema de saúde. Não tem como entender”, disse Juca enquanto mostrava o vídeo do último ensaio.
Futuro – Perguntado sobre a continuidade da banda, Torrente disse que vão esperar um pouco o momento passar, mas a ideia é não parar. “A vida continua. Não seria diferente com o Gralha Azul e acredito que o ‘Preto’ faria o mesmo”, completou. “Nem que seja somente a gralha e o azul”, indicou Juca a si mesmo e ao amigo Torrente.
“Nosso velho ‘Preto’ vai deixar saudades”, completou.
Perfil – Criado em 1977, pelos jovens Dorival Torrente, José Carlos dos Santos, Paulo Cesar de Oliveira e Valésio Willemann, oriundos do movimento cultural da cidade, com as influências do Festival de Música, Contos e Poesias de Paranavaí, Femup, hoje, um dos mais consagrados da região e do Teatro Estudantil de Paranavaí, TEP, o Gralha Azul, nome escolhido por representar o nome do pássaro do folclore paranaense, ganhou asas e se consolidou na música regional.
Gravaram seu primeiro LP em 1980, com músicas de criação própria, o que o levaram a percorrer diversas cidades do Paraná mostrando seu trabalho. Em 1982, além dos integrantes Paulo Cesar, Dorival Torrente, Valésio Willeman, Genivaldo Nascimento, Miguel Bruning e Evaldo Burkot, o Gralha Azul passou a ter a participação do contrabaixista Mauro de Vitro.
Em todos esses anos de existência o grupo fez apresentações por inúmeras cidades do Paraná e por várias vezes nas principais cidades do Estado, como: Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina, Maringá, Cascavel, Umuarama, Campo Mourão, entre outras, além do Estado de São Paulo.
O Grupo também teve 400 CDs distribuídos na França por ocasião das comemorações do ano Brasil/França, pela Secretaria de Cultura do Estado do Paraná.
A formação atual conta com Josias no acordeon, Bana no baixo, Juca na voz e violão e Dorival Torrente na percussão e violão.
ASAS AOS CÉUS
Por Nilson Monteiro
Os gralhas estão batendo asas azuis muito cedo. Primeiro foi o Valésio, depois o Maurinho, o Paulinho, com seu violão e dezenas de composições poéticas, que se afogou no Paranazão e nos afogou em lágrimas e saudades. Depois o Paulo Batista, o Granado e agora, o Preto, Genivaldo de Oliveira Nascimento, baterista de fina sensibilidade, meu ex-parceiro de intermináveis conhaques, que se arrancou aos 62 anos, vítima de um infarto cardíaco fulminante.
Foi sepultado em Paranavaí, onde, nos anos 1970, moleques ainda, criaram o Gralha Azul e onde viviam. Dia desses, eles haviam se reunido na casa do Dorival Torrente e o Preto desafinou o seu coração como cantor, ao lado do anfitrião e do Juca. Os copos, dos quais o Preto estava há muito distante, fizeram parte da cantoria. Agora, vão afinar instrumentos e vozes no céu, para felicidade geral nas alturas.
PS: Preto não esqueça suas baquetas.