Por Gregório José*
Ah, o choque cultural, essa maravilhosa salada mista de hábitos e manias! Imagine só: um brasileiro, um italiano e um inglês entram num bar e… cada um acha que o outro veio de outro planeta. Mas relaxa, pega uma cadeira e vem dar risada – e quem sabe até refletir – sobre as excentricidades que fazem do Brasil esse lugar tão peculiarmente encantador para os estrangeiros.
Vamos começar com o banho. Aqui no Brasil, tomar banho é um hobby nacional, praticado com a mesma frequência que respiramos. Nosso clima tropical é a desculpa perfeita para um mergulho refrescante a qualquer hora. Temos até a “tríade do banho tropical”: um pela manhã, outro pós-feijoada e mais um pra garantir bons sonhos. Já os europeus do norte, que vivem entre o “congela cérebro” e o “derrete alma”, veem o banho diário como um esporte radical. Para eles, é uma aventura aquática a cada dois ou três dias, se tanto!
E a pizza? No Brasil, a pizza é tratada com a reverência de uma obra-prima. Usamos garfo e faca com a precisão de um cirurgião, e não economizamos nos condimentos – ketchup, mostarda, maionese e um fio de azeite pra finalizar. Na Itália, comer pizza é um ato de liberdade – sem talheres, só com as mãos, como se fosse um prolongamento dos dedos. Lá, cada mordida é uma celebração da tradição, sem frescura alguma.
Quanto ao tempo, no Brasil, o relógio é mais um acessório de estilo do que um ditador de pontualidade. Atrasamos com charme e justificamos com um sorriso: “Ah, o trânsito…”. Chegar meia hora depois do combinado é quase um elogio: significa que fizemos um esforço hercúleo para aparecer! Os estrangeiros, essas criaturas lendárias que vivem pelo relógio, nos olham como se falássemos em código Morse. Para eles, pontualidade é quase uma questão de honra.
No banheiro, o brasileiro mostra seu respeito pelo sistema de encanamento com um cesto de lixo ao lado do vaso. O papel higiênico não vai direto pro ralo; ele tem um destino mais digno: o lixinho. Para os estrangeiros, isso é um conceito tão antigo quanto a roda, mas para nós, é uma questão de civilidade.
Falando em férias, o Brasil é quase um conto de fadas. Temos 30 dias mágicos para descansar e uma enxurrada de feriados que deixam os estrangeiros boquiabertos. Em muitos lugares, feriado é uma lenda urbana e 30 dias de descanso é coisa de filme de ficção.
E os nomes? No Brasil, a informalidade reina. Todo mundo é João, Maria, José – do CEO ao entregador de pizza. Chamamos todos pelo primeiro nome, com uma intimidade que faria um britânico corar. Para eles, é “Sr. Smith” ou “Sra. Johnson”, a não ser que você seja um velho amigo de copo.
E a cerveja? No Brasil, ela é gelada como o coração de um ex. Nos países frios, a cerveja é servida à temperatura ambiente, como um caldo reconfortante. Aqui, acreditamos que a cerveja deve ser tão fria que congela até as preocupações.
E as despedidas? No Brasil, é um festival de abraços e beijos, mesmo com quem acabamos de conhecer. Para os estrangeiros, isso é como um ataque surpresa de afeto. Eles preferem um aceno discreto ou um aperto de mãos formal.
Essas diferenças culturais são os temperos da vida, tornando cada encontro uma experiência única e muitas vezes cômica. No fim das contas, é isso que faz o mundo um lugar tão interessante e cheio de histórias para contar. E talvez a maior lição seja: somos todos diferentes, mas no fundo, estamos tentando descobrir como navegar nessa bagunça chamada vida. E quando não conseguimos, pelo menos temos boas histórias para compartilhar e dar boas risadas.
*Gregório José é jornalista, radialista e filósofo, pós-graduado em Gestão Escolar, Ciências Políticas e Mediação e Conciliação, MBA em Gestão Pública