(44) 3421-4050 / (44) 99177-4050

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Compartilhe:
(Foto: Thinkstock)
(Foto: Thinkstock)

COMPORTAMENTO

O consumidor que não reclama é o novo alerta vermelho do varejo

*Jholy Mello

No varejo, ainda há uma crença confortável: enquanto o cliente não reclama, está tudo bem. É um equívoco que custa milhões. O cliente que não reclama não está satisfeito, está desistindo. E a desistência silenciosa é hoje o maior ponto cego das empresas.

Dados de mercado mostram que mais de 70% dos consumidores que abandonam uma marca nunca registraram qualquer insatisfação formal. Eles não enviam e-mail, não acionam o SAC e não respondem pesquisas. Apenas deixam de comprar. Essa evasão invisível é mais cara do que qualquer problema explícito, porque rompe o relacionamento sem oferecer à empresa a chance de correção.

A raiz do fenômeno é conhecida, mas pouco enfrentada: experiências genéricas, comunicação descontextualizada e baixa capacidade das marcas de interpretar sinais sutis de desengajamento. No Brasil, onde grande parte do varejo ainda opera com dados fragmentados, o silêncio do consumidor não é percebido como sintoma, é tratado como ausência de problema.

O que pesquisas recentes mostram é exatamente o contrário. Mudanças micro comportamentais, como aumento do intervalo entre compras, queda gradual do ticket ou abandono de carrinhos, antecedem a ruptura definitiva. São sinais objetivos de desgaste emocional e funcional com a marca. Ignorá-los é perder a oportunidade de intervir antes que a relação se desfaça.

Aqui, o CRM deixa de ser ferramenta e assume papel de diagnóstico cultural. Marcas que conseguem unificar dados, construir visão longitudinal do cliente e personalizar interações por contexto, não por volume, aumentam significativamente as taxas de retenção. Mais do que realizar campanhas, tratam o relacionamento como ativo financeiro.

O varejo que ainda reage apenas ao cliente “vocal” vive atrasado no tempo. O novo consumidor é híbrido, hiperconectado e pouco tolerante ao atrito. Quando se cala, não está poupando a marca; está sinalizando que encontrou outra que o entende melhor.

Prevenir o silêncio é, portanto, uma obrigação estratégica. Envolve leitura de dados, integração entre canais, coerência de comunicação e respeito ao histórico do cliente. Reclamação é oportunidade, silêncio é ruptura. E num mercado em que a fidelidade é volátil, ouvir antes do barulho é a única forma de não transformar o cliente calado no início de uma perda anunciada.

* Jholy Mello é autora de “CRM no varejo: do Seu Zé à era das IAs”, Jholy Mello é estrategista com mais de 15 anos de experiência em marketing, design, CRM no varejo

Compartilhe: