Segundo a tradição Cristã, o Diabo é o “negador”, “caluniador”, “opositor”, “acusador. Em russo, expressa-se Dyavol, e no Brasil tem vários nomes. São tantos que não caberiam numa crônica, eis que começa por Maligno, vai por Malfazejo, passa por Mafarrico para chegar a Sanguanel, tão grande a quantidade. Quanto mais ruim, mais nomes tem o Coisa. Tem nome nacional, regional e local.
Ele significa a representação do mal – que teria sido um anjo querubim da guarda celestial, expulso dos Céus por ter incitado, criado e comandado uma rebelião de anjos contra Deus, no intuito de lhe tomar o trono. Donde se vê que o Diabo é fogo! É invejoso e não perde tempo.
Como não se conhece quem o tenha visto e que possa dizer como realmente é, muitas são as tentativas de reproduzi-lo. Põe-no com feições humanas monstruosas, dão-lhe um magistral par de chifres e pés de bode, um comprido e pontiagudo rabo e, como arma um longo tridente, que usa como cetro e objeto de tortura. Há ainda quem o pinte metade humano, metade bode, talvez para justificar os chifres e os pés desse animal.
O fato é que por menos que se o procure, se encontra Diabo de tudo quanto é jeito. Feio, bonito, rico, pobre, bem arrumado, ajambrado, patrão, empregado, representante de igrejas e até na política; e dizem ainda que essa classe é privilegiada na sua arregimentação. Fazem o diabo, por voto – com permissão do trocadilho.
Mas não é desse diabo do dia a dia que quero falar, mas de um que está longe fisicamente, mas tão perto que a TV o mostra sempre e, se não lhe escancara a face na tela, gaba de seus arroubos. É um tal que nasceu como nascem as crianças, viveu como elas vivem e buscou um melhor lugar ao sol como todos buscam. Até que o conseguiu, mas sabe o Diabo o que fez para consegui-lo.
Não fosse a situação tão caótica que o mundo se encontra, diria que a vida desse diabo poderia dar até um romance -, e que um dia o farão, mas será um romance-trevas, que não nos deixa dormir sob luzes apagadas.
Esse personagem vem de longe e embora não seja de grande estatura, adora mostrar músculos e peitoril, possui olhos azuis que se não encantam, põem medo, bochechas inchadas e vermelhas pelo frio das estepes, cabelos ralos na cabeça redonda e rugas que seus mais de setenta anos envergam.
Os holofotes do mundo só conseguiram focá-lo a partir de 1999, quando mostrou que não existem fronteiras para suas ações, até se consolidar um czar mandão. Sufocou a separatista Chechênia, anexou em 2014 parte da Ucrânia e foi decisivo na guerra da Síria. Agora se volta novamente contra a Ucrânia para tomar o que restara do último golpe.
É um insaciável, como devem ser os diabos e, ainda não satisfeito pelas 977 mortes de civis contadas até agora, inclusive crianças e mulheres, provocou com suas maléficas bombas a destruição completa de cidades sem respeitar escolas, hospitais, igrejas e prédios residenciais, na tentativa de matar a identidade daquele povo.
Mas o Diabo Putin – oh! Tem esse nome também – querendo ferir a quem elegeu como inimigo, deu-se um tiro no casco: com essa invasão desproporcional e descabida, fez reacender naquele povo a civilidade, o amor à pátria, a liberdade e a supremacia da cidadania contra a tirania.
Para isso não há força diabólica que resista. Podem crer.