*Thammy Marcato
Se você já participou de um planejamento estratégico, sabe que a inovação corporativa vem ganhando um espaço cada vez mais relevante nas últimas décadas na busca de novas formas de se gerar valor. Segundo uma pesquisa realizada pelo Distrito, entre janeiro e julho de 2021, foram investidos no país mais de 622 milhões de dólares através de Corporate Venture Capital (CVC). Este número é três vezes maior que o total acumulado de 2020, que foi de aproximadamente 199 milhões de dólares.
E por que as grandes corporações estão buscando tal modelo? Já faz tempo que investir em um único produto, sem se preocupar com a inovação ou a diversificação, é uma receita que, em curto ou médio prazos, está fadada ao fracasso e à perda da competitividade de mercado.
Porém, no mundo atual, a velocidade com que as coisas se transformam impõem que as organizações tenham a capacidade de responder no mesmo ritmo. Assim, se faz necessário ajustar modelos de negócios para atender às mudanças.
Para ir além, no passado, as empresas só precisavam garantir a competitividade no mundo físico. Agora, elas precisam aumentar a aposta e abraçar uma estratégia que utilize diferentes canais de venda, seja devido aos já antiquados comércio eletrônico ou pelo novo metaverso.
A questão é a seguinte: como inovar? Empresas tradicionais tendem a ter estruturas rígidas devido aos processos e controles que desenvolveram ao longo dos anos, reduzindo a capacidade de responder com agilidade. A inovação, ao contrário, exige experimentação de práticas, tecnologias, estratégias, cultura, modelos e métodos de trabalho. Acima de tudo, é preciso assumir riscos para se tornar competitivo na era da transformação permanente.
Cada negócio tem um perfil, características, demandas e singularidades. E não se pode desprezar o fato de que, ao longo de anos, as organizações desenvolveram grandes ativos como marca, canais e capacidade produtiva, que precisam ser vistos como legado positivo.
Por isto, a soma deste legado com a agilidade para responder às novas demandas do mercado faz com que as empresas tenham excelentes oportunidades de serem relevantes. Neste sentido, ter uma estratégia de inovação poderá guiar as organizações no caminho da transformação.
Um dos modelos mais comuns é o de inovação fechada, ou seja, uma empresa investe na própria estrutura, criando um departamento interno focado na atualização de produtos ou no desenvolvimento de novas aplicações de mercado, como as áreas de pesquisa e desenvolvimento. Essa é uma proposta interessante de buscar a competitividade, dado que permite o total controle das iniciativas, assim como o direcionamento delas. Por outro lado, trata-se de um modelo que requer um significativo investimento inicial, tanto de capital como de know-how, fazendo com que todo o risco da inovação seja absorvido pela estrutura existente.
Já na inovação aberta, de forma simplificada, as empresas se constroem junto com terceiros, que atuam como catalizadores de mudança, focados, majoritariamente, no desenvolvimento de produtos e serviços. Independentemente do modelo, é obrigatório que a empresa tenha a capacidade de definir as hipóteses e os resultados esperados com aquela inovação, e partir para a execução. Inovar é uma jornada, demandando a compreensão e o acompanhamento deste processo evolutivo.
* Thammy Marcato é sócia-diretora de inovação e transformação da KPMG no Brasil e cofundadora da Leap