*Rafael Fermiano
Tantos porcos fuçam o chiqueiro,
Procurando restos de sentimentos
Atirados pelas mãos que os alimentam.
As mesmas calosas que trazem facas,
Amarram seus pés
E cortam-lhe o pescoço.
Assistindo sangue jorrar litros,
Indiferente aos berros, aos gritos,
Que surdam os próprios ouvidos
Antes mesmo dos olhos fecharem
E a vida se esvair no último engasgo.
No gosto do sal e desgosto da lavagem.
Tantos porcos fuçam o chiqueiro,
Procurando restos de sentimento,
Que aborrotem sua pança gorda.
Esperam da alma bancarrota,
Sem ouvir os gritos dos seus,
Sem notar – são os próximos.