ADÃO RIBEIRO
Segundo relatos familiares, Hyran Lopes Pereira, 22 anos, sempre foi um jovem tranquilo. Sem passagens policiais ou algo relevante que o desabone, ele desapareceu na noite de 21 de março deste ano, terça-feira, após sair do seu local de trabalho – uma lanchonete. Seis meses depois, o caso continua envolto em mistérios e com muitas perguntas ainda sem respostas. As principais delas são: Onde está Hyran? Está vivo? E por que desapareceu?
Em busca de respostas, a reportagem do Diário do Noroeste se deparou com uma história complexa. O roteiro passa pelo Bosque Municipal, na região da Vila Operária. A motocicleta do rapaz foi encontrada no local dias depois do seu desaparecimento. De acordo com relatos, antes o veículo foi visto circulando pilotado por outra pessoa pela cidade, até ser abandonada.
Outro fator relevante se deu no dia 4 de abril, quando a partir de denúncias, a Polícia Civil fez buscas no bosque pois havia a informação de que o corpo do rapaz estaria enterrado em uma vala comum. Foram feitas escavações que contaram com auxílio de cães farejadores de equipe especializada de Cianorte. Nada foi encontrado, o que aumentou o mistério em torno do sumiço do jovem.
O inquérito policial tem dezenas de páginas e, paralelamente, muitas versões para o mesmo fato. O roteiro envolve diversas diligências, buscas, laudos técnicos e mandados. Também um detalhe macabro: dois assassinatos após o desaparecimento poderiam ter relação com o caso. Uma das vítimas foi um coletor de recicláveis que teria “falado demais” por aí. A Polícia não confirma.
A família de Hyran sempre se esforçou para saber notícias do jovem. Em uma publicação nas redes sociais logo após o sumiço, os familiares chegaram a oferecer recompensa de R$ 2 mil por pistas que pudessem elucidar o caso.
Passados seis meses, os parentes vivem entre o sonho de encontrá-lo com vida e a dura realidade que aponta para um desfecho menos feliz. Até porque alguns fatores indicam que havia um problema em curso. Uma informação não oficial dá conta de que o rapaz estava de malas prontas em sua casa. Numa interpretação simplista, indica que ele tinha a pretensão de ir embora, o que concretamente não aconteceu. A conta bancária dele permanece sem movimentação desde o dia do desaparecimento, reforçando a versão de que ele não saiu da cidade. Uma arma de fogo, supostamente passada para Hyran, também é um ingrediente extra. Este “detalhe” não é oficial.
Sob a condição de anonimato, testemunhas apontam caminhos. Todos passam por relações pessoais e envolvimento (ainda que indireto) com pessoas, digamos, problemáticas.
Investigação – Delegado-chefe da 8ª Subdivisão Policial de Paranavaí, Luiz Carlos Mânica garante que o inquérito só será encerrado com a elucidação dos fatos. Questionado sobre o que teria havido com Hyran, Mânica prefere a cautela, sobretudo neste momento em que precisa proteger as investigações.
Mas dá pistas sobre a linha de trabalho da equipe. Os indícios e comentários apontam para desaparecimento criminoso. A fase é de coleta de provas que possam indicar suspeitos de envolvimento no caso. E segue: “Por outro lado, não existe indício de que esteja vivo”, pondera, advertindo que não pode cravar o que houve. “A Polícia Civil vai esgotar todas as hipóteses”. E conclui dizendo que todas as diligências técnicas estão em curso.
Em tempo:
Durante a reportagem, a equipe do DN se deparou com várias versões conflitantes. O DN deixa de detalhar as conversas diante da impossibilidade de sustentar as versões ou o risco de atrapalhar as investigações.
Para a produção deste texto foram ouvidas pelo menos cinco fontes.