O próximo ano representará a retomada efetiva de alunos e professores aos ambientes físicos das escolas. Depois de quase dois anos seguindo a rotina escolar à distância, a volta às salas de aula será marcada por novas propostas no plano de ensino, ressocialização entre estudantes e professores e reflexão sobre como aprimorar a maneira em que o ambiente educacional promove as experiências de interação dos alunos durante o processo de aprendizagem.
“O caso de sucesso de uma escola, em um futuro próximo, vai ser baseado na geração de propostas pedagógicas aliadas à tecnologia e seu uso pelos educadores”. Essa é a avaliação de Guilherme Camargo, CEO da Sejunta, startup na área educacional que oferece projetos de integração digital às instituições de ensino por meio de tecnologias Apple.
De acordo com o profissional, além de projetos que unem a imersão dos professores em ambientes digitais, e o bom aproveitamento dos alunos, outros dois pontos são fundamentais para que uma instituição de ensino seja referência nesse segmento.
“O diálogo é fundamental nesse processo. Os pais, especialistas pedagógicos e a comunidade, como um todo, têm muito a oferecer durante a jornada. Quando uma instituição apresenta esse resultado para a sociedade, consolidando suas ações, investimentos para o desenvolvimento profissional de professores e propostas para aprimorar o ensino, por exemplo, a instituição inova e se destaca no processo de aprendizagem”, acrescenta.
Ensino híbrido ou à distância?
Muito se falou sobre o ensino híbrido, mas é preciso entender esse termo. De acordo com Guilherme, híbrido se refere, basicamente, às atividades online e offline, como integrar esses dois universos, em que o aluno realiza atividades manuais, de escrita, recorte, colagem, além de desenvolver sua sintonia em relação às descobertas proporcionadas pelos dispositivos tecnológicos, com eficiência. “Esse novo cenário precisará de um olhar mais atento dos gestores da instituição e é uma grande oportunidade para o professor”, comenta.
As aulas remotas, ministradas à distância, não refletem o propósito completo de planos de ensino com uso intensivo de dispositivos que permitam o dinamismo no ensino. O CEO da Sejunta reforça a necessidade de desconstruir o pensamento de que somente assistir às aulas em plataformas digitais é uma inovação tecnológica e transforma a aprendizagem por si só.
“Não foi difícil para as escolas encontrarem plataformas em que professores e alunos estivessem reunidos para a aula do dia. Isso sempre foi possível graças ao Skype, por exemplo. O objetivo não é apenas reunir os alunos em frente ao computador, celular ou tablet, mas modificar o objetivo dessa reunião e o que ela pode agregar ao processo de aprendizagem”, diz.
Tecnologia com objetivo educacional
As expectativas na adoção de um modelo de ensino que privilegia a interação com ambientes digitais devem se basear em projetos direcionados com objetivos definidos. Compreender o uso adequado dos dispositivos, traçar planos de como alcançar os resultados planejados e, principalmente, considerar metodologias que contemplem os universos on e offline são algumas das lacunas que o CEO da Sejunta acredita que devem ser preenchidas.
“Estar online apenas para seguir uma tendência no mundo acadêmico é um bom começo, mas não para por aí. É preciso se aprimorar e digitalizar com propósito. Os líderes educacionais compreendem que o estudante de 2021 está no mundo virtual, conhece tecnologias, sabe utilizá-las no cotidiano, mas a dúvida está em como, de fato, trazer a educação para esse meio com o seu aproveitamento completo e com significado”, ressalta Guilherme Camargo.
Para as lideranças fica o dever de aprimorar o senso investigativo do aluno por meio de mudanças no padrão de ensino que contemplem a interação das crianças com o mundo real e as possibilidades que a digitalização dos processos de ensino trazem para o ambiente acadêmico. Vale ressaltar que essa decisão deve ser consciente, sem utopias ou idealizações que fogem da realidade.