REINALDO SILVA
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Algumas pessoas se acomodam pelos escombros de um antigo prédio comercial na região central de Paranavaí. As paredes que ainda se sustentam servem como abrigo e protegem das rajadas de vento nos dias mais frios. Ali, em um antigo posto de combustíveis, o espaço é compartilhado por quem antes permanecia ao lado do Terminal Urbano Ângelo Bogoni.
Agora, eles estão mais próximos de prédios residenciais, e a mudança não agradou os moradores daquela região da cidade. O caso foi reportado à vereadora Fernanda Zanatta, que elaborou um documento encaminhado ao Poder Executivo, pedindo intervenções mais ostensivas da Secretaria de Assistência Social e da Guarda Municipal.
Ela conta que as reclamações se tornaram frequentes nas últimas semanas. A população teme pela segurança, especialmente quando os ocupantes do terreno estão em grupos maiores, porque intimidam quem passa por eles: trabalhadores, estudantes, crianças. “As pessoas estão com medo de sair de casa”, diz a vereadora.
Nem todos vivem em situação de rua. Há quem passe o dia ali e retorne para casa ao anoitecer. A preocupação se dá porque muitos são dependentes químicos e consomem bebidas alcoólicas e outras substâncias entorpecentes.
De acordo com a assistente social Mara Bernadeli de Souza Goes, a equipe de abordagem do município conversa, orienta e indica possibilidades de tratamentos para reabilitação, mas não pode tomar medidas contra a vontade de quem está na rua. “Quando eles aceitam ajuda, encaminhamos para o Caps [Centro de Atenção Psicossocial]. O médico pode sugerir o internamento, desde que o paciente queira.”
Os cadastros da Secretaria de Assistência Social de Paranavaí identificam pouco mais de 20 pessoas em situação de rua. Grande parte resiste às intervenções da equipe de abordagem e não aceita ajuda. Entre os que se propõem a fazer os tratamentos, a maioria não se adapta às regras e acaba desistindo.
Na tarde de ontem, a equipe do Diário do Noroeste conversou com dois homens que estavam no antigo posto de combustíveis, ambos em situação de rua. Um deles garante que nos dias de frio tem acompanhado a equipe de assistência social até o Centro de Juventude, onde recebe refeições e passa a noite protegido das baixas temperaturas. O outro prefere permanecer na rua e conta com ajuda de voluntários, que servem alimentos e providenciam cobertores.
Trata-se de um problema de cunho social com reflexos na segurança pública. A intenção da vereadora Fernanda Zanatta é buscar caminhos para fortalecer a rede de assistência e, assim, encontrar maneiras de resolver a situação. Uma das propostas é pedir ajuda ao Ministério Público. “Vamos nos reunir e procurar soluções.”
Enquanto isso, diz a parlamentar, a Guarda Municipal se comprometeu a manter a fiscalização constante, com o intuito de evitar que os moradores do bairro tenham a integridade violada. Paralelamente, é necessário fortalecer as políticas de assistência social.