Inês tinha pouco mais de vinte anos e apresentava sério problema de visão.
Para enxergar utilizava grossas e pesadas lentes. Então, um dia ela contou a sua história.
Desde a meninice, fora atormentada pela dúvida acerca da morada de Deus.
Onde está Deus? Perguntava-se.
Quando sua mãe teve um bebê, ela correu ao templo religioso, desejando agradecer por aquela coisinha linda, pequena, que era o encanto da casa.
Orou e orou, mas não conseguia perceber onde estava Deus.
Contemplava as estátuas à sua frente e fitando os seus olhos inexpressivos, dizia para si mesma: Deus não pode estar dentro delas.
Quando morreu seu avô, ela se tomou de tristeza e foi ao templo reclamar.
Afinal, ela entendia que o avô era um homem velho, um homem bom e talvez Deus o quisesse junto de si. Contudo, ela amava muito seu avô.
Para onde Deus o levara? Onde seria a morada de Deus?
Nada, naquele lugar, conseguia lhe falar ao Espírito da grandiosidade do Pai Celestial.
Deus devia ser algo muito grande, muito brilhante, imenso para poder saber tudo, tudo ver, tudo atender.
Por isso, criança, lhe veio a ideia de que Deus deveria morar no sol. E, por horas inteiras, ela se punha no alto de um monte de sua cidade, a contemplar o astro rei.
Sua família pensava que ela estava brincando com meninas de sua idade. Quando se aperceberam, ela já manifestava dificuldades visuais.
De tanto contemplar o sol, a visão fora muito prejudicada.
O mais interessante é a conclusão da história de Inês: ela disse que quando a visão exterior se apequenou e ela realizou a viagem para dentro de si mesma, encontrou Deus.
Com um sorriso nos lábios, afirma: Agora eu sei onde mora o meu Pai.
Tomando ciência da história de Inês, vem-nos à mente que muitos de nós nada fizemos até hoje para encontrar Deus ou sequer pensamos se Ele existe.
Mesmo os que temos fé, às vezes, agimos como se Ele não existisse e nos enchemos de orgulho.
Jesus nos apresentou Deus como o Pai que está nos céus. Naturalmente, se referia aos céus físicos, onde habitam as estrelas, os mundos inimagináveis. Um Universo em constante expansão, que atesta da Sua Criação constante.
Sim, Deus está em todo lugar. Movemo-nos no Seu hálito de amor, que a tudo sustenta.
Mas, onde reside Deus, com toda a pujança, é na intimidade de cada um de nós.
Por isso, para orar, ensinou o Rabi Galileu que deveríamos nos recolher, cerrar a porta para toda exterioridade e falar com o Pai Celeste, em nossa sala mais íntima: nosso interior.
Ele afirmou que o Reino dos Céus, que é o Reino de Deus, está dentro de nós.
Para isso, teceu as parábolas mais doces como a do tesouro escondido no campo ou a do negociante de pérolas que encontra uma de subido valor…
E esse reino é tão imenso que é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes.
Semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra.
O Reino de Deus é imensurável. Está dentro de nós. Ali Deus faz morada.
Redação do Momento Espírita, com fato extraído do cap. 8, do livro
As aves feridas na Terra voam, de Nancy Puhlann de Girolamo,
ed. Instituição Beneficente Nosso Lar.