Diórgenes Queiroz conversou com o Diário do Noroeste e falou sobre a relação das mudanças climáticas com o organismo humano
REINALDO SILVA
Da Redação
Se eu dissesse que algumas pessoas conseguem prever a chegada do frio sem o uso de equipamentos tecnológicos, você acreditaria? Algumas pessoas dizem sentir a mudança de temperatura na pele, ou melhor, nos ossos. Será que faz sentido?
Ortopedista e traumatologista em Paranavaí, Diórgenes Queiroz explica que as condições climáticas potencializam a dor em alguns pacientes, com mais frequência em casos de artrose, fibromialgia, hérnia de disco e doenças reumatológicas. “São pacientes com mais probabilidade de sensibilização à dor.”

Foto: Gustavo Romano
Isso acontece porque nos períodos de frio a musculatura fica mais tensa. “Então, essa tensão vai fazer com que alguns elementos, principalmente as pessoas que fazem pouco exercício ou que têm obesidade tenham uma piora da dor. Ao contrário, quando está calor, a musculatura relaxa.”
Cirurgias também interferem. “As cicatrizes que a gente enxerga na pele também estão dentro da pele, na parte interna. Quando a gente faz uma cirurgia, a gente vai fazer uma incisão, a gente vai separar músculo e tendões, e tudo isso vai cicatrizar depois. Então, a parte da cicatriz vai doer mais do que a parte que não tem cicatriz.”
No caso de pinos e placas, Diórgenes Queiroz destaca que o metal tende a aumentar a temperatura em comparação com a temperatura do próprio organismo, o que, da mesma forma, gera maior sensibilidade à dor. “Mas tem que ser uma temperatura muito baixa em comparação ao que a pessoa está vivendo no dia a dia.”
Esfriou. Doeu? A orientação do especialista é procurar atendimento médico. “Tudo aquilo que está fora da rotina deve ser avaliado por um profissional adequado.” É possível que o paciente nem saiba que tem algum problema e descubra durante a consulta. Se assim for, o médico indicará o exame adequado, o tratamento, o exercício fisioterápico, a medicação a ser tomada.
O alerta que serve para essa situação e para tantas outras: não faça uso de remédios sem indicação do profissional adequado. “Automedicação não é bom. Sempre tem pacientes que dizem que estão com problema no estômago, sangramento, por conta de uso desnecessário de anti-inflamatórios. O interessante é ser avaliado e fazer a medicação de acordo com a prescrição médica.”

Foto: Reprodução/internet
E como prevenir a dor ou amenizar os sintomas? Diórgenes Queiroz faz uma comparação que ajuda a ilustrar o que pode ser feito. Segue mais ou menos assim:
O corpo humano é como um carro. Se fica parado na garagem, perde a calibragem dos pneus, a bateria acaba, começam a aparecer corrosões. Assim também é o corpo humano, precisa se movimentar. A prática de atividades físicas e hábitos alimentares saudáveis são aliados importantes para reduzir os efeitos da dor.
“A estratégia é [manter] uma dieta saudável, fazer exercício físico regularmente e não ganhar peso. Tem que ter peso adequado. Eu acho que seria um bom conselho para as pessoas diminuírem o risco de terem dor.”
Mas e a antecipação, aquela previsão de que falamos no início desta matéria? Dá para saber que vai esfriar antes mesmo da queda de temperatura? O médico duvida muito dessa possibilidade. Os efeitos do frio são percebidos no corpo apenas quando está frio de fato. “Existem alguns relatos de pessoas que falam, mas isso vai acontecer mesmo quando tem uma mudança climática.”