Renato Benvindo Frata
Nas quatro esquinas do meu quarteirão – e de cada que perfaz o quadro urbano de nossa cidade, uma família de demônios se espalha. E fica, cada qual em uma esquina, a meter descuido em quem vem e a quem vai.
Como essas esquinas não possuem sinaleiros nem quebra-molas, mas faixas pintadas de branco e semiapagadas, facilitam seu trabalho, ou sua tara na demoníaca sanha que têm os diabos. E os acidentes acontecem.
Preferem as motos, especialmente as que carregam homens ou mulheres com sacolas de mercado, ferramentas e até crianças com suas pastas escolares. Para eles não importa o que levem, desde que passem ali para atuarem com as diabruras da desatenção dos condutores, que resultam em machucados e até a morte, prejuízo material e altas despesas com bombeiros, Samu, hospitais, previdência, além dos cuidados familiares, quando não precisam enterrá-lo.
Esses diabos não se atêm somente a motos malconduzidas, mas a qualquer veículo que se movimente. Atuam até contra crianças em triciclos, na rua ou calçadas. Não falo dos cachorros que saídos de seus presídios em quintais malcuidados danam a latir, a rosnar, e até a atacar assustando pessoas. Eles o fazem por instinto, por defesa e não têm consciência de seus atos. Seus donos pensam menos que eles.
Os demônios a que me refiro têm como protetor o Poder Público!
Indiretamente, mas têm. Pois é justamente ele quem deve, devia, deveria – em quaisquer dos tempos do verbo dever – cuidar para que em nossas ruas, especialmente nos cruzamentos, haja mais segurança a evitar acidentes. Como?
Nessa simbologia diabo = perigo, a sugestão é que o Poder Público mantenha em cada esquina, nas vinte e quatro horas do dia, de segunda a domingo, de janeiro a dezembro, um anjo armado de lança e espada com a incumbência de afastar, afugentando, os tais que insistem em ali permanecer.
Seu nome é semáforo, ou, no mínimo, o anjo menor, mas de igual operacionalidade, que são os feios, indesejados, xingados, mas de grande valia na segurança dos cruzamentos: os quebra-molas! A serem construídos como a norma do Contran define: Resol. 973/2022, que trata das dimensões, sinalização e localização.
Aprendi nas aulas de catequese e nos terços, com minha mãe, que os anjos são guardiões do que é correto, e são valentes no cumprimento da tarefa principal que é a de enxotar os demônios que fazem o errado.
Que tal se a municipalidade com seus milhares de compromissos sociais, morais, políticos em prol da comunidade, possa rapidamente dispender atenção especial a esse fato? Sabemos é que preocupação da gestão em fazer o melhor, mas o resultado visto é de placebo: tem embalagem bonita, mas não cura. Como fazer com que nossas esquinas possam oferecer menos riscos a transeuntes e motoristas?































