ADÃO RIBEIRO
Cinco mandatos por três municípios distintos. Essas credenciais apontam para um recordista, sem registros para efeitos de consulta em todo o Brasil. Atual prefeito da cidade turística Porto Rico, Álvaro de Freitas Netto, o Arapongas, é o dono da façanha. Hoje empresta a sua experiência em uma entrevista exclusiva ao Diário do Noroeste, abordando a política, o desenvolvimento regional e a necessidade de investimentos públicos em infraestrutura para fazer frente ao volume de recursos da iniciativa privada. O objetivo é atender bem as pessoas que visitam e os moradores das cidades em torno do Rio Paraná.
Para atingir tal finalidade de desenvolver o Noroeste, a política é um componente primordial. Arapongas descarta disputar as próximas eleições para deputado estadual ou federal. Lembra que teve oportunidades anteriores, mas o seu perfil é de estar mais perto das pessoas, portanto, administrando as cidades.
Mas, a partir da experiência, adverte que o grande número de candidatos pode atrapalhar a região, sob pena de ficar sem representantes. O prefeito analisa que é complicado quando há nomes de fora da política, sem um trabalho de base, mas que se candidatam e fazem boa votação, sem chances reais de vitória. Por isso, insiste, é preciso continuar reduzindo o número de candidaturas, o que já vem acontecendo. Reconhece a dificuldade de “filtrar” os postulantes mais viáveis.
Cita o caso do atual deputado estadual Tião Medeiros, que pleiteia uma vaga na Câmara Federal no ano que vem. No seu entendimento, Medeiros reúne as condições, pois tem apoios nos municípios. Insiste que Tião tem chances reais de eleição, dentro de um amplo entendimento regional.
Ele adverte que o tempo é curto para Tião Medeiros costurar apoios, já que os gestores dos municípios estão em busca de recursos para o orçamento do próximo ano e acabam estreitando laços com atuais parlamentares.
Arapongas ainda não definiu apoio para federal, e para estadual deve apoiar Márcio Nunes, que o atende atualmente. Lembra que há espaço para os candidatos locais/regionais, não apenas em Porto Rico, mas nos municípios do entorno.
Desenvolvimento regional – Arapongas fala com entusiasmo sobre o desenvolvimento do Noroeste. Cita as belezas ao longo do Rio Paraná e defende a necessidade de mais investimentos públicos para fazer frente ao crescimento por conta de investimentos privados. Cita o caso do asfaltamento da chamada Estrada Beira-Rio, que liga Porto Rico ao Porto São José. “Foi um salto muito grande”, reitera.
A melhoria da infraestrutura gerou conforto, segurança e comodidade, impulsionando o turismo regional. As pessoas passaram a optar pelas praias de água doce, que, além de mais perto, são mais tranquilas para as famílias, cita o gestor. Grande parte desse público frequentava o litoral paranaense e o de Santa Catarina, percorrendo longas distâncias. Hoje a região recebe gente de toda a macrorregião, incluindo Londrina, Maringá, Umuarama e Cianorte.
Porto Rico lidera essa tendência. Tanto que a cidade tem cerca de 4 mil habitantes, mas em datas especiais chega a ter 25 mil pessoas de passagem, especialmente nos resorts e outros locais voltados para o lazer.
Para manter as belezas naturais e garantir o turismo da pesca, Arapongas entende que é preciso mais fiscalização para preservar o rio. Com isso, mais pessoas serão atraídas para os municípios, sintetiza.
Estruturação da cidade – Atualmente o município de Porto Rico vive o desafio da reorganização em vários aspectos. Um deles diz respeito aos tributos, especialmente IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). A equipe da Prefeitura está mantendo reuniões com a Câmara de Vereadores e outras lideranças com objetivo de aprovar o projeto já apresentado. Ele prevê escalonamento de valores.
Arapongas explica que a referência deva ser o valor do imóvel. A população fixa, incluindo pessoas nascidas e estabelecidas na cidade, devem pagar menos imposto, já que suas casas têm menor valor de mercado. Por outro lado, há imóveis supervalorizados e que pagam até menos tributos. “É um trabalho difícil, mas vamos tentando”, diz o prefeito, advertindo que deste recurso depende o investimento em serviços, dentre eles, saúde, educação e até infraestrutura para acolher visitantes e proprietários de casas voltadas para o lazer.