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Terezinha de Nadai é escritora, professora e integrante da Academia de Letras e Artes de Paranavaí - Alap
Terezinha de Nadai é escritora, professora e integrante da Academia de Letras e Artes de Paranavaí - Alap

ALAP

OS TAPETES ESTÃO DE VOLTA

… e os tapetes voltaram a povoar a casa, trazendo aconchego para os pés. Mas, e o coração? Ah! o coração perdeu o aconchego de sua presença, de sua maciez, de seu olhar, de seu carinho.

Ah! Como eu queria que os tapetes não estivessem de volta. Agora, sinto neles apenas o cheiro do sabão em pó. E seu cheiro, onde está? Que não sinto mais!

Tapetes virados, enrugados, eram marcas de sua presença. Por vezes quentinho do calor de seu corpo. Agora, estão frios e alinhados.

            Te ouço… e vou a sua procura em cada cômodo da casa. Mas, sua ausência insiste em se fazer presente, mostrando-me que os tapetes estão de volta. 

            Quando acordo, o tapete é o primeiro que sinto e nesta maciez de dor o pensamento vai até você.

Onde estará meu enrolador de tapetes?

            Olha como estou sem você! Um vazio percorre todo o meu ser, chegando até meus pés sob o tapete impecável, alinhado, com perfume de sabão em pó.

            Passamos pela vida em um corre-corre diário, afazeres sem fim. Os tapetes descoraram, ficam rotos. Mostrando-nos que o tempo implacavelmente passa, sendo aproveitado ou não.  E nesse interim, esquecemos que o melhor que há em uma casa, são os tapetes desalinhados, enrugados, enrolados. São marcas denunciando a presença de mais alguém, são sinais de vida espalhada pela casa, de alegria, de pureza.

            Caminho agora por entre os tapetes… tentei em vão desalinha-los e enrugá-los. Mas, não ficam igual, não há seu toque, seu cheiro.

E hoje acordei me perguntado, onde está o meu tesouro?

            Vale a pena pensar, onde estamos colocando o que é realmente importante nesta vida! O que realmente ficará conosco. Em algo que o dinheiro pode comprar?

Ledo engano meu amigo, ficarão aqui quando você partir. E você não terá tempo de dar o próximo passo, de pentear o cabelo, de se arrumar…estaremos retornando, obedecendo a um comando maior. E assim você foi… obedecendo ao comando divino. Dormindo, sereno, fofo, lindo e pleno. Mas, deixou comigo o tesouro do afeto, que o tempo jamais apagará, que a traça não irá corroer, que a ferrugem não consumirá…

            Obrigada por alegrar minha vida por quase dezesseis anos. Jamais esquecerei…de seu olhar, de seu carinho, de seu miado, de seus resmungos. Que Deus o abençoe, meu Onça, meu fofão.

            Continuarei por aqui, caminhando por entre os tapetes até nos reencontrarmos. E aliás, reserve um tapete para nós. Qualquer noite dessas vamos nos ver, quando eu sonhar…

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