Componentes da Política Nacional de Atenção às Urgências, a Unidade de Pronto Atendimento integra a rede de serviços pré-hospitalares, assistindo casos graves e não graves
REINALDO SILVA
Da Redação
Pâmela Fernandes Sanches é operadora de produção. Tem 21 anos de idade e passa por um tratamento de trombose.
Manoel Paulo é fiscal de caixa. Aos 31 anos de idade, enfrenta as dores de quatro cálculos renais.
Os dois pacientes chegaram à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Paranavaí na manhã desta terça-feira (13). Ela, por volta das 10h30. Ele, perto das 11h. Pouco depois das 16h, quando conversaram com a equipe do Diário do Noroeste, reclamaram da demora e das condições dos serviços prestados à população.
“Fui atendida mais ou menos à uma e meia [da tarde]”, contou Pâmela. “Estou até agora sem comer”, disse Manoel. Ambos aguardavam os resultados de exames, sob recomendação de permanecerem no local até que estivessem prontos.

Foto: Ivan Fuquini
A UPA é um dos componentes da Política Nacional de Atenção às Urgências, do Ministério da Saúde, e integra a rede de serviços pré-hospitalares fixos. Conforme as determinações do governo federal, o objetivo é prestar atendimento resolutivo e qualificado a pacientes com condições clínicas graves e não graves. A estrutura também esta preparada para a primeira assistência a casos cirúrgicos e traumáticos, fazendo o subsequente encaminhamento a unidades de referência, quando necessário.
De acordo com a secretária municipal de Saúde, Andreia Vilar, a UPA de Paranavaí conta com equipe suficiente para garantir atenção a todos os pacientes. “A vida inteira a UPA teve dois médicos. Hoje nós temos quatro. Quatro médicos. Tem momentos que nós temos três, e, é claro, à noite temos dois, porque é bem mais tranquilo.”
Ocorre que o sistema de atendimento leva em conta as condições clínicas dos pacientes, sendo classificadas segundo a gravidade do quadro de saúde.
“Tempo de espera, hoje a gente quase não tem mais esse problema. Por quê? A gente segue praticamente à risca o Protocolo de Manchester”, afirma a secretária. De maneira resumida, a metodologia consiste no uso de um esquema de cores (vermelho, laranja, amarelo, verde e azul) para identificar o nível de urgência, permitindo que os casos mais críticos sejam atendidos primeiro.
É por isso, exemplifica Andreia Vilar, que uma pessoa que acabou de chegar à UPA pode ser atendida antes de outra que aguarda há quatro horas.

Foto: Ivan Fuquini
Internações
Um dos grandes problemas enfrentados pela rede municipal de saúde surge quando o paciente precisa ser internado. “A UPA não tem caráter de internamento. Eu nem deveria internar paciente”, informa a secretária. No entanto, o encaminhamento para unidades de referência nem sempre é imediato, sendo necessária a permanência na UPA para os cuidados devidos.
Três, quatro, cinco, 15 dias de espera por um leito hospitalar. A liberação é feita a partir de uma central reguladora que organiza o fluxo de acesso dos pacientes de acordo com a patologia informada pelo médico assistente. Cabe ao médico regulador avaliar cada solicitação.
A central de regulação é administrada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que utiliza um sistema de controle de leitos e internações dentro de um ambiente tecnológico que permite interligar todas as unidades em tempo real, formando uma rede integrada de informações.
Em nota ao Diário do Noroeste, a Sesa “ressalta que o Paraná possui um processo permanente de encaminhamento de pacientes de acordo com a demanda e a gravidade de cada caso, além de uma ampla rede hospitalar onde são concentrados os pedidos de transferência de pacientes entre os serviços de saúde”.
Segundo a Sesa, a qualificação das filas de espera de cirurgias e exames especializados, iniciada no ano passado pela Central Estadual de Regulação Ambulatorial (Cera), resultou na redução de usuários na espera do SUS para esses procedimentos.
“A ação, em andamento, consiste na reavaliação das necessidades, na instituição de protocolos e guias de encaminhamento, no desenvolvimento de estratégias para diminuir a taxa de absenteísmo – pacientes que faltam –, além de melhorar a comunicação com os usuários”, destaca a secretaria estadual.
A nota da Sesa menciona que os hospitais com porta aberta para receber demanda espontânea de urgência e emergência pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) informam a ocupação de leitos à central reguladora. “Esses hospitais concorrem pelos leitos disponíveis com os pacientes que aguardam por transferência.” A Santa Casa de Paranavaí é um exemplo de atendimento de porta aberta para o Samu.
Em relação à 14ª Regional de Saúde de Paranavaí, afirma a nota da Sesa, “a central de leitos tem dado vazão aos casos de solicitação de vaga, com tempo de resposta baixo, encaminhando os usuários para hospitais da região e também da macrorregião, além de, se necessário, direcioná-los para outra macrorregião”.