ADEUS deve ser a palavra mais dolorida em nosso vocabulário. Pode-se procurar nos quase 300.000 verbetes do dicionário que não se encontrará outra que lhe suplante na dor. O ADEUS é, pois, mais dolorido que a própria dor, porque essa enquanto sensação penosa e desagradável, produzida pela excitação de terminações nervosas sensíveis a esses estímulos é coisa física, amenizável por tratamentos, etc. e um ADEUS transcende a isso, vai além de uma mágoa originada por desgostos do espírito ou do coração, de um sentimento de decepção, sofrimento, etc. O termo ADEUS na sua concepção é só, único na representatividade de seu ser, por isso, ao ler a notícia de que a “Casa do Saber”, consignada na velha e querida Banca do Wiegando cerrará suas portas e encerrará suas atividades brevemente, trouxe-me esse sentimento indelével de perda, amargor nascido na boca do estômago e essa sensação esquisita daquilo que se usufruiu e não se o terá mais. Penoso saber que será assim.
No entanto, também compreensível, vez que se nada é eterno e que tudo se modifica, se expande, encolhe, envelhece e que as pessoas, a esse tempo e exemplo se dedicaram em criar e manter um espaço cultural, também precisam descansar.
O Wiegando, catarinense que gostou da nossa água, se foi, mas deixou a esposa Zenaide, os filhos e sobrinha que tanto quanto vêm dando à “Casa” o sabor da cultura, o gosto de bem-feito, o respeito pelas amizades, a amabilidade aos velhos e novos clientes e mais: a presteza absoluta desde o levantar das portas às seis da manhã, ao seu descerramento às dezoito de segunda à segunda, independente de chuva ou sol, se está calor ou frio, se é feriado ou dia comum.
Com o advento da internet, com as redes sociais tornando instantâneas as comunicações e a substituição gradativa dos jornais e revistas de papel pelos textos eletrônicos, chega a hora de se render às benesses da tecnologia e aproveitar sim em benefício próprio o descanso anunciado, os muitos anos de vida que restam para o estreitamento junto a familiares, sabendo que a tarefa, perante a comunidade, foi realizada com louvor e assim se terminará.
Lá dentro, entre os jornais, livros e revistas, se guarda um estoque interminável de sorrisos e gentilezas que deixaremos de ter muito em breve, porque elas os levarão consigo para onde forem, com certeza. Mas fica a marca Wiegando. Fica a lembrança de bom atendimento, da cordialidade, da conversa franca e disposição no atender. E fica um adeus amornado, meio amargo é verdade, meio lembrança que a cultura de Paranavaí jamais irá esquecer. Passam-se os dias, mudam-se as pessoas, mas permanece a memória. E ela aviva corações.
À Família Wiegando na pessoa de dona Zenaide e dos filhos Haroldo e Márcia, bem como da sobrinha Neusa e a todos que ali ajudaram, sinceros agradecimentos e nossos respeitos. A vida continua e será sempre bela se assim a desejarmos.
O amargor do Adeus, ei sei, pode se transformar num até logo. Esperemos que sim.