ALEX SABINO
DA FOLHAPRESS
A piada de que o “Palmeiras não tem Copinha e não tem Mundial” começou a cair nesta terça-feira (25), no Allianz Parque. Com futebol de superioridade incontestável, a equipe goleou o Santos por 4 a 0 e conquistou o primeiro título da Copa São Paulo em sua história.
Em fevereiro, o elenco profissional disputa o Mundial de Clubes nos Emirados Árabes, o sonho máximo do torcedor alviverde. A final está marcada para o próximo dia 12.
A lista de inscritos ainda não foi divulgada, mas há a possibilidade de Endrick, 15, o melhor jogador da Copinha deste ano, ser inscrito. Não vai jogar, como já deixou claro Abel Ferreira, mas pode viajar para ganhar experiência. Para o treinador, seria como o garoto passar férias na Disney.
A diversão para o atacante começou nesta terça, quando ele abriu o caminho para o título da Copinha com gol logo aos seis minutos. Uma finalização de matador, de primeira, bem posicionado na área. Foi o sexto marcado por ele no torneio.
O jovem não foi titular em todas as partidas e ficou fora por uma semana, em isolamento após teste positivo para Covid-19. Ao ser anunciada a escalação da equipe pelo sistema de som do estádio, o nome do camisa 9 foi deixado por último de forma proposital e causou o maior frisson no público entre todos os jogadores aplaudidos.
Endrick já passou a ser cobiçado por clubes europeus. Giovani, 17, está nos planos do Manchester City (ING), time que já fez negócio com o Palmeiras na compra de Gabriel Jesus, em 2017.
Na final, o Palmeiras precisou de apenas 15 minutos para decidir. Em um ritmo alucinante, balançou a rede três vezes (Giovani e Gabriel Silva também marcaram), e o Santos não conseguiu nem sequer anotar a placa do caminhão. Gabriel Silva voltaria a deixar sua marca no início do segundo tempo.
O título é a coroação final do trabalho de longo prazo feito pelo clube do Palestra Itália. É o atual pentacampeão paulista sub-20. Ganhou o Brasileiro de 2018 e a Copa do Brasil de 2019. No sub-17, venceu o estadual (2018), a Copa do Brasil (2017 e 2019) e o Mundial (2018 e 2019).
A goleada sobre o Santos é o placar mais elástico na história das finais da Copa São Paulo, ao lado do obtido pela Portuguesa sobre o Grêmio em 1991.
O Santos fez sua melhor campanha desde 2014, quando derrotou o Corinthians na decisão. Descontada a dura derrota no clássico, chegar ao último jogo deste ano foi considerado um bom resultado no clube porque o desempenho recente das categorias de base deixou a desejar. A agremiação ainda viveu nas últimas temporadas um processo de sucateamento no departamento amador.
O executivo de futebol Edu Dracena, em entrevista ao programa “Esporte por Esporte”, da Santa Cecília TV, emissora regional do litoral, reconheceu que o Santos hoje em dia não oferece uma estrutura física para cobrar alta performance dos atletas da base e que a diretoria tem tentado mudar isso.
Como competição esportiva, a partida terminou no último minuto do primeiro tempo, quando o zagueiro santista Derick foi expulso. O Palmeiras já era muito superior ao rival e não manteve o mesmo ritmo após o intervalo. Poderia ter feito mais gols, mesmo assim.
A goleada e o título foram recompensa aos 20.814 torcedores que foram ao Allianz no feriado de aniversário da capital. Com os ingressos esgotados, os cambistas negociavam entradas nas ruas em volta do estádio por até R$ 200.
O Santos reclamou da escolha da arena para a final. Considerou que o Palmeiras levou vantagem por atuar em casa. A Copa São Paulo é tradicionalmente decidida no Pacaembu, que está em reformas. A Federação Paulista de Futebol considerou inviável realizar a partida no Canindé e não conseguiu viabilizar a realização do confronto no Morumbi.
Até a vitória desta terça, os melhores resultados da equipe alviverde na Copinha haviam sido os vices em 1970 e 2003. Épocas em que sequer tinha sido criada a piada de que o Palmeiras não tem Copinha.
Não tinha. Agora tem.