O relatório da safra de verão 2021/22, divulgado nesta quinta-feira (23) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, aponta que o Paraná pode produzir 25,5 milhões de toneladas de grãos, volume 9% superior ao do ciclo 2020/21, quando foram colhidas 23,3 milhões de toneladas. A área de plantio está estimada em 6,2 milhões de hectares, 1% maior.
Com as chuvas registradas em alguns pontos do Estado, foi possível semear feijão, milho e soja num ritmo maior do que no ano passado, quando as condições eram ainda mais adversas. Por outro lado, os trabalhos estão abaixo da média histórica. “Podemos ter uma safra maior do que em 2020, mas as condições desfavoráveis em parte do Estado podem comprometer o potencial de algumas culturas”, explica o chefe do Deral, Salatiel Turra.
O relatório confirma a estimativa de área recorde para a cultura da soja, de aproximadamente 5,62 milhões de hectares, 1% a mais do que na safra passada. “Se o clima colaborar, a produção pode chegar a 21 milhões de toneladas”, diz o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Além disso, ele destaca que, depois de mais de 40 anos, prevê-se aumento de semeadura de milho na primavera, com uma área estimada em 420 mil hectares.
Quanto à safra 20/21, a avaliação do mês mostra perda de potencial em relação à estimativa inicial de trigo. Esperava-se que o Paraná colhesse 3,9 milhões de toneladas, e agora a previsão é de 3,53 milhões. Também há reajuste na produção de milho safrinha devido à seca e às geadas, mostrando que o Paraná colherá pouco mais de 5,52 milhões de toneladas, redução de 62,4% em relação à estimativa inicial.
Milho segunda safra – A colheita avançou e atingiu 98% da área estimada em 2,5 milhões de hectares. A expectativa inicial de produção era de 14,6 milhões de toneladas, e neste momento estima-se uma perda de 9,1 milhões de toneladas (-62,4%), totalizando um volume de 5,5 milhões de toneladas de milho produzidas na segunda safra. Segundo Garrido, entre as razões para essa quebra estão a estiagem, a consequente ocorrência de pragas, e as geadas que atingiram as lavouras no final de junho e começo de julho.
Milho primeira safra – De acordo com o Deral, já foram semeados aproximadamente 187 mil hectares na primeira safra de milho 2021/22, 45% da área total prevista, de 420,1 milhões de hectares. No mesmo período do ano passado, o plantio já havia ocorrido em 121 mil hectares (34% da área).
Cerca de 2% das lavouras a campo estão em condições médias e 98% em boas condições. Apesar da ocorrência de chuvas em algumas regiões produtoras, como o Sudoeste, em outras a crise hídrica ainda preocupa. A produção está estimada em 4,11 milhões de toneladas, 32% superior ao volume da safra passada.
Com relação aos preços, em setembro do ano passado os produtores receberam cerca de R$ 50,00 pela saca de 60 kg. Na semana passada, o valor recebido foi de, em média, R$ 84,00 – aumento de 68%.
Mandioca – A estiagem que se prolonga há cerca de um mês na região Noroeste, onde se concentra o plantio da mandioca, e a ação das formigas-cortadeiras, ocasionaram aumento dos custos de produção para a cultura. Com a baixa umidade do solo e as altas temperaturas, aumentam as perdas de raízes e as lavouras recém-implantadas também são afetadas.
Na última semana, a tonelada da mandioca foi comercializada por R$ 515,00, um aumento de 38% comparativamente a setembro do ano passado, quando o valor médio foi de R$ 374,00.
A produção esperada para esta safra é de 3,32 milhões de toneladas em uma área de 125,7 mil hectares, 10% menor comparativamente ao ciclo anterior. Segundo o economista do Deral Methodio Groxko, a redução se deve à escolha que parte dos produtores fizeram pelo cultivo da soja e do milho.
CAFÉ – Cerca de 98% da área de café no Paraná está colhida, e a produção na safra 2020/21 soma 53,1 mil toneladas. O volume representa uma redução de 9% comparativamente à safra anterior. Já a área, de 33,3 mil hectares, é 3% menor.
A comercialização atingiu o menor percentual de venda dos últimos anos, de acordo com o economista Paulo Franzini. Até o momento, 32% da safra está vendida, índice incomum para o período, que mantinha-se, em média, acima de 40%. “Isso se explica por conta dos preços em alta. Os produtores estão tentando vender um pouco melhor, por conta dos problemas previstos para a próxima safra com a seca e as geadas”, diz. No mês passado, a saca de 60 kg foi comercializada por R$ 924,00 e, na última semana, o valor ficou próximo de R$ 1 mil. Em setembro de 2020, a média era de R$ 481,00.
Franzini destaca que a Seab e a Câmara Setorial do Café trabalham em propostas de políticas públicas para dar suporte emergencial aos produtores. “É uma cultura importante para mais de 100 municípios do Estado”, afirma.