Dentre as combinações localizadas no sistema nacional, há contribuições que ligam dezenas de homicídios com alguma arma, conduta típica de organizações criminosas, e a descoberta de ligações entre crimes cometidos no Paraná e em outros estados
A Seção de Balística Forense da Polícia Científica do Paraná (PCP) já confirmou mais de 500 matches (compatibilidades) entre provas relacionadas com projéteis e estojos provenientes de locais de crime ou de armas de fogo apreendidas. Este número, que vem sendo contabilizado desde o início da implantação do Sistema Nacional de Análise Balística (Sinab) em 2022, corresponde a 15% dos matches do SINAB no país, deixando o Paraná em segundo lugar nacional.
Dentre as combinações localizadas pela equipe de balística, há contribuições bastante expressivas que ligam dezenas de homicídios com alguma arma, conduta típica de organizações criminosas, e a descoberta de ligações entre crimes cometidos no Estado do Paraná com crimes ou armas apreendidas em outros estados (SC, RS e SP).
O processo de elucidação de um crime começa na coleta de projéteis e estojos deflagrados no local da ocorrência. A partir disso, o material passa por análise microscópica e as informações coletadas nesta etapa são enviadas pelos peritos para o Banco Nacional de Perfis Balísticos, plataforma que permite o comparativo com amostras de outras localidades do país.
Após o processamento dos dados, o sistema gera relatórios com sugestões de registros anteriores de outros casos que possam ter similaridades com as amostras enviadas, e elimina as amostras com resultado negativo evidente. “Com isso, os peritos têm a possibilidade de direcionar os esforços para examinar aqueles com maior potencial de resultar em um match”, completa o chefe da seção, Edgar Mallmann.
O perito Francisco da Silva Martins, administrador estadual do SINAB, afirma que o equipamento utilizado no processo de análise, o IBIS TRAX HD3D, não dispensa a participação de pessoal capacitado: “É um aparelho que exige a análise prévia do material recolhido em local do crime ou necropsia e de exames especializados em microscópios comparadores. Só esses exames podem confirmar as informações produzidas pela máquina”, diz.
Caso uma das sugestões levantadas pelo sistema gere resultado positivo, os peritos fazem novo exame microscópico, comparando as amostras coletadas no local do crime com os padrões da arma identificada ou com as amostras de outro local de crime que tenha sido relacionado, a fim de confirmar o match entre os casos. A partir disso, é possível a produção de um laudo que é enviado para a polícia judiciária.
“A atuação da Polícia Científica deixa de ser reativa, ou seja, não depende mais das solicitações da Polícia Civil para realizar os exames, que eram requisitados apenas em caso de suspeita pela equipe de investigação, passando a ter uma atuação muito mais ativa e localizando vínculos entre crimes sem suspeita prévia”, afirma Francisco Martins.
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