Se em 2021 a sobrecarga de energia e os choques elétricos provocaram 92 acidentes no Paraná, no ano passado esse número saltou para 127, sendo 100 ocorrências provenientes de incêndio, com três óbitos por curto-circuito e 27 mortes por choques.
No que diz respeito aos incêndios por sobrecarga, o estado, em 2022, ficou em 1º lugar do ranking, e junto com as demais regiões do Sul do país, contabilizou 272 acidentes dessa natureza, com direito a 20 óbitos. As informações são do Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica 2023, ano-base 2022, elaborado pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos de Eletricidade (Abracopel).
Importante destacar que a evolução desses números, para o estado, já era prevista, visto que em 2021 o Paraná foi o segundo estado do Brasil que mais registrou incêndios por sobrecarga de eletricidade. Foram, ao todo, 88 casos que deixaram a localidade atrás apenas de São Paulo, que teve 92 acidentes.
E, neste ano, somente no mês de janeiro, foram 30 ocorrências, sendo nove por choque elétrico, quatro delas fatais; e 19 incêndios por sobrecarga de energia, sem óbito.
Voltando na linha do tempo, para 2021, no que diz respeito aos choques, o Paraná apareceu em sexto lugar na listagem, com 37 óbitos, face aos 674 apontados em todo o Brasil. Já no ano passado, como foram registrados 27 óbitos por conta dos choques, o que deixou o estado em 7º, atrás de São Paulo (62); Bahia (60); Santa Catarina (44); Pará (37); e Minas Gerais e Mato Grosso (28). Falando dos acidentes registrados em nível nacional por choque elétrico, foram 853, ao todo, com 592 mortes; e 853 ocorrências com choque, que geraram 592 perdas de vidas.
Os vilões – Os maiores causadores de acidentes por choque elétrico nas áreas residenciais em 2022 foram, em primeiro lugar, os eletrodomésticos ou aparelhos eletrônicos, com 21,5% dos casos. Em segundo, aparece o fio partido ou sem isolamento (16,8%). A terceira causa foi para as manutenções (10,7%). Em quarto lugar aparece os acidentes com extensão, benjamin e tomada (14,1%); e, em quinto, as máquinas com fuga de corrente (9,4%).
Chama atenção que o principal motivo dos curtos-circuitos registrados no relatório da Abracopel é a instalação elétrica interna, com 548 casos e 29 vítimas fatais. Em segundo lugar, os vilões são os ventiladores e aparelhos de ar-condicionado, com 96 acidentes; e, em terceiro, os eletrodoméstico/eletroeletrônicos/equipamentos, com 62 apontamentos.
De acordo com o engenheiro eletricista da Engerey Painéis Elétricos, Fábio Amaral, a prevalecente razão para choques e curtos-circuitos é, sem dúvida, o desconhecimento e a negligência com os possíveis riscos que a eletricidade pode causar, caso as pessoas abram mão de contar com especialistas para fazer reparos ou deixem de lado as normas e regulamentos acerca do assunto: “É bastante comum os indivíduos acreditarem que os acidentes nunca acontecerão com eles ou com os seus familiares, se esquecendo que, na maioria das vezes, a eletricidade não dá uma segunda chance para a vida. E, infelizmente, por causa do pensamento ‘isso nunca acontecerá comigo’ é que os números do Paraná e do Brasil, em termos de acidente e óbitos, continuam tão altos ano a ano”.
Prevenir é o melhor remédio – Na tentativa de evitar tanto choques quanto curtos-circuitos, Fábio Amaral explica a importância de contar com equipamentos preventivos, tanto em construções antigas quanto novas. Como exemplo, ele cita o DR (Diferencial Residual), um aparelho capaz de reconhecer a fuga de corrente elétrica, por menor que seja esse escape, e que atua desligando o circuito, de forma instantânea, coibindo, assim, a gravidade dos danos que a eletricidade pode causar.
Então, funciona assim: toda fuga de corrente elétrica, que pode ocorrer por choques, fios desencapados, gambiarras, condutores mal isolados, sobrecarga ou mau contato com carcaças, é detectada pelo DR que, ao identificar qualquer anomalia, desliga o circuito automaticamente.
Outra prática que deveria ser seguida, no mínimo a cada 5 anos, mas que normalmente as pessoas deixam passar batido, é a checagem periódica da instalação elétrica: “Optando por uma revisão, é possível prever de antemão possíveis problemas, programando as soluções em tempo hábil”, orienta o engenheiro eletricista da Engerey.
DPS – Outro mecanismo de proteção de pessoas, objetos e animais de surtos elétricos é o Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS), instalado nos padrões de entrada de energia. “Trata-se de um aparelho que atua desviando as correntes de surtos, como seu próprio nome indica, prevenindo, assim, queimas de dispositivos elétricos e eletrônicos, que podem acontecer por causa de raios, sobretensões ou oscilações na rede elétrica”, finaliza Fábio Amaral.
A Norma Brasileira (NBR) nº 5410 diz que todas as instalações elétricas, tanto de residências quanto empresas e indústrias, devem ter o DPS instalado.