Neste sábado, 14, Paranavaí completa 72 anos de emancipação política. Polo do Noroeste, a cidade se destaca em diversos setores produtivos
ADÃO RIBEIRO
Noite de 16 de junho de 1947, preparando-se para uma seresta, o grupo de amigos começou a estudar um batizado e precisava de um nome para a mais bela cidade. Não seria um nome qualquer, pois eles batizariam o chão onde suas marcas seriam deixadas para sempre. E segue a prosa, possivelmente à beira de uma fogueira, pois era junho, inverno brasileiro. Como dar nome para quem já teve tantos?
Sim, a menina teve seus nomes provisórios. Foi Fazendinha, Gleba Pirapó, Vila Montoya, Fazenda Brasileira e Colônia. No registro definitivo está escrito que o futuro vereador Octacílio Egger e o futuro prefeito Ulisses Faria Bandeira matutaram um nome perfeito.
Ao navegar na imaginação desembocaram no Rio Paraná e suas mentes os levaram até o Rio Ivaí. Pronto. Do Paraná ao Ivaí surge Paranavaí. Portanto, inspirada nas águas, forjada no chão e rica pelo trabalho. Passados 72 anos, imaginemos que os amigos chegaram ao consenso. Para comemorar, segue a seresta, puxada por Ulisses Bandeira.
A jornada foi muito boa, mas não se enganem, nunca foi fácil. As geadas de 1953 e 1955 trouxeram desalento à região, por terem dizimado os cafezais, principais fontes de renda da população. As lavouras foram retomadas, mas o café recebeu o golpe de misericórdia com as geadas de 1975, quando já cedia lugar às pastagens. O café ressurgiria décadas depois, já em outros modos de produção com tecnificação, variedade e condições climáticas mais previsíveis por instrumentos.
É verdade que os ciclos se sucederam. Gado, mandioca, laranja, milho, além da implantação da citricultura entre as décadas de 1980 e 1990 e as indústrias de sucos para o mercado interno e para a exportação. Também na década de 90 do século passado (como o tempo passa!) chegou a avicultura e com ela um grande valor agregado – do campo aos lares de todos os continentes, o frango paranavaiense e seus derivados fazem história.
“Canta tua aldeia e cantarás o mundo” (Leon Tolstói)
É sobre Paranavaí; é sobre o mundo. Geraldo Marques assinou a letra e Carlos Cagnani fez a melodia do Hino de Paranavaí. Souberam, como poucos, cantar a aldeia. A letra, com seu sotaque de época, exalta a vocação para o trabalho, o sucesso e as riquezas naturais de Paranavaí. Também fala em beleza, propícia nesta época em que a cidade se veste para o Natal com todas as luzes e cores trazidas pelo Papai Noel.
Ainda muito jovem, lembro de ter ido ao velório do professor Carlos Cagnani, realizado no salão nobre do Colégio Estadual de Paranavaí. Era a primeira metade da década de 1980. Fomos em turma, a partir da Escola Curitiba, após a contextualização do momento histórico e da importância do autor para a cidade.
Para homenagear os pioneiros, veja a seguir a letra do Hino de Paranavaí.
“Quando te vemos hoje, assim radiosa,
Teus filhos agitados no labor,
Lembramos da empreitada gloriosa,
Que calejou as mãos do lavrador
E fez romper da terra generosa
Os ricos frutos do progresso e amor!
Nasceste sob o signo da vitória
Que os filhos teus souberam conquistar
És a um só tempo a evolução e a glória
Cidade que não pode mais parar!
Ó Paranavaí dos cafezais
Simétricos, em flor sobre a paisagem,
De belos e de extensos matagais,
Planícies verdejantes de pastagem…
Da glória tu chegaste até os umbrais!
Salve teus filhos, que na faina ardente
Sobre teu solo ainda hostil e agreste
Traçaram teu destino florescente!
Salve, ó cidade que te engrandeceste
Ó bela Capital do Noroeste!