Publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é um indicador da qualidade da educação no Brasil com base em dois conceitos: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. Os últimos dados divulgados, referentes ao ano de 2023, destacaram o Estado do Paraná, que ficou na primeira colocação nas três etapas avaliadas, que abrangem a trajetória dos estudantes do ensino fundamental ao médio.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, do 1º ao 5º ano, o Paraná atingiu 6,7 pontos, 0,7 ponto percentual (p.p.) acima da meta estabelecida para o país. Nesse mesmo índice, o ensino privado, analisada exclusivamente, teve um resultado de 7,2. “Na educação paranaense, especialmente na rede privada, a alta do índice do Ideb e a manutenção desse crescimento advém de investimentos constantes que a rede privada faz em suas instituições, com gestão de alto desempenho. Com pensamento de longo prazo, o setor privado tem investido em infraestrutura de ponta, tecnologias educacionais avançadas e materiais didáticos de alta qualidade”, afirma Haroldo Andriguetto Júnior, 1º vice-presidente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR).
Já nos anos finais do Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano, a meta nacional foi alcançada por apenas três estados (Paraná, Ceará e Goiás), que ficaram empatados na primeira posição com 5,5 pontos. Para o especialista, a queda dos números nos anos finais é resultado de diversos fatores, como a complexidade dos conteúdos, a necessidade de maior infraestrutura nas escolas e a formação de professores, uma vez que essa etapa do ensino requer uma diversificação maior de especializações.
Nesse quesito, a educação privada registrou 6,3 pontos, equivalentes a uma diferença de 1,3 p.p. em comparação com a média nacional, que foi de 5 pontos. “Há de se citar também que, historicamente, o índice de evasão escolar tende a aumentar conforme os alunos progridem no sistema educacional e isso pode ser um problema desse segmento, que afeta o indicador. A falta de engajamento e de motivação dos alunos pode impactar negativamente o desempenho acadêmico”, ressalta o vice-presidente.
Criado em 2007, o indicador varia de 0 a 10 e é calculado por meio dos dados sobre aprovação do Censo Escolar e das médias de desempenho do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). De acordo com o Inep, o índice é um importante condutor da política pública em prol da qualidade da educação e serve como uma ferramenta para acompanhar as metas de qualidade para a educação básica. No Brasil, nenhum estado atingiu a meta estabelecida para o Ensino Médio, que era de 5,2 pontos.
Nessa terceira etapa de avaliação, o Paraná também ficou em primeiro lugar no desempenho referente ao Ensino Médio. Com 4,9 pontos, o estado ficou à frente de Goiás (4,8), do Espírito Santo (4,8) e de São Paulo (4,5). A média do país foi de 4,3, enquanto a nota da educação privada foi de 5,6. “Vale lembrar que os resultados ainda refletem uma geração de estudantes afetada pela pandemia de Covid-19, que ainda sofre com lacunas de aprendizagem não resolvidas plenamente.” Além disso, o segmento vem passando por profundas mudanças, fruto das decisões envolvendo o Novo Ensino Médio, ainda polêmico e incerto aos estudantes, o que dificulta a avaliação e a motivação dos estudantes”, completa o especialista.
Apesar do bom desempenho em comparação aos demais estados do país, é possível identificar, inclusive no Paraná, uma lacuna entre a educação oferecida e as metas previstas. Tanto no ensino público quanto no particular, esse desenvolvimento contínuo está diretamente relacionado às condições de infraestrutura das instituições, à quantidade e à qualidade na formação de professores e à aproximação de crianças e jovens das tecnologias que surgem a cada dia, para aproximá-los da realidade que irão enfrentar no Ensino Superior e no mercado de trabalho.
“A educação é dinâmica e os desafios são contínuos. É preciso investimento na carreira do professor, nos ambientes de aprendizagem e em habilidades socioemocionais de estudantes, famílias e colaboradores das escolas. Além disso, é imprescindível o investimento em infraestrutura, novas metodologias de ensino e inovação, já que o universo estudantil está imerso nas redes e na tecnologia, com amplo acesso às inúmeras ferramentas de inteligência artificial, o que demanda da escola que deseja elevar seus níveis de aprendizagem e pontuação de avaliações, a atualização constante de seus métodos de ensino e gestão”, finaliza Andriguetto Júnior.