ADÃO RIBEIRO
O Paraná está mobilizado para impedir a entrada da gripe aviária no Estado. Para tanto, providenciou uma série de orientações e proibiu a presença por 90 dias de quaisquer aves em eventos, tais como exposições e feiras. O presidente da Adapar – Agência de Defesa Agropecuária do Paraná – Otamir Cesar Martins, esteve em Paranavaí no último sábado para a abertura da Exposição Agropecuária e falou da preocupação com o tema.
49% das exportações paranaenses são de proteína animal e a incidência de casos em criadouros comerciais comprometeria toda a cadeia produtiva. No segmento de aves, são mais de 80 mil empregos e o Paraná responde por 62% dos abates na Região Sul.
A atividade também é muito relevante na Região Noroeste com frigoríficos e uma extensa linha de serviços, tais como transportes, produção de ração e outras atividades correlatas.
O Paraná é o maior produtor de proteínas animais do Brasil, com cerca de 6,2 milhões de toneladas de aves, suínos e bovinos ao ano, dos quais os frangos representam 4,8 milhões de toneladas. O Estado é responsável por quase 37% da produção brasileira de aves e por aproximadamente 40% das exportações.
Prática – Martins adverte que é preciso o envolvimento de todos. Uma das ações sugeridas é evitar ao máximo a presença de humana nos aviários. Com isso, devem ser proibidas visitas, sobretudo, de pessoas que tenham viajado ao exterior. Isso porque não há casos de gripe aviária no Brasil nem em animais silvestres, mas os viajantes podem levar o vírus (influenza) para as propriedades. Outra preocupação é com as chamadas aves migratórias, que neste período estão se deslocando para outros continentes.
Pelo menos 138 focos foram confirmados na América do Sul até segunda-feira (27 de fevereiro), com cinco em granjas comerciais no Peru, um no Equador e um na Argentina. A preocupação, reforça o presidente, é que a gripe aviária atinja as granjas comerciais no Paraná, o que desencadearia todo prejuízo econômico com a suspensão das exportações.
A Adapar faz monitoramento constante e conta com a ajuda de todos os integrantes das cadeias produtivas. Sempre que houver uma ave silvestre morta ou com sintomas, é preciso contactar as autoridades sanitárias para averiguação. As barreiras sanitárias também foram reforçadas, o que contempla a fiscalização no trânsito de animais.
Martins não esconde a gravidade da situação. Pelo contrário, pede que cada pessoa faça a sua parte para impedir a entrada da doença, o que impactaria de forma severa a economia paranaense.
Nesta semana, representantes dos estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), devem se reunir com o ministro da agricultura, Carlos Fávaro. Vão apresentar sugestões ao ministro. Uma delas é regionalizar o Brasil para questões sanitárias da avicultura. Neste quesito, os estados do Sul ficariam em grupo e, caso haja registro da doença em outros estados, não seriam atingidos pelas medidas restritivas. Martins justifica que o Brasil tem dimensões continentais e não precisa unificar as ações.
Medidas – No começo deste mês, o Governo do Paraná informou em matéria que doença não foi detectada em nenhum momento no Brasil, mas entidades que formam o Grupo Especial de Atenção às Suspeitas de Enfermidades Emergências estão mobilizadas para ação rápida, se necessário.
O Grupo Especial de Atenção às Suspeitas de Enfermidades Emergenciais (Gease), coordenado pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), reuniu-se na quarta-feira (1º de março) para reforçar a sintonia entre entidades e avivar o alerta em relação à influenza aviária. Participaram, além da Adapar, representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária, Secretaria da Saúde, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Defesa Civil, Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Ambiental e Federação da Agricultura do Paraná (Faep).
O protocolo internacional determina que, caso o vírus atinja granjas comerciais, o país tenha as exportações de frangos e ovos suspensas. No dia 28 de fevereiro, a Argentina tomou essa decisão ao confirmar a doença no circuito comercial, depois de outros 24 casos em aves silvestres e domésticas.
(com informações da AEN)