Os empregos formais – com carteira assinada – na indústria do Paraná estão em alta em 2021. De acordo com dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho, referentes a outubro, o estado registrou o segundo maior saldo do país, com 3.723 novas oportunidades criadas, atrás apenas do Rio Grande do Sul (4.811). Das 24 atividades avaliadas pelo Caged no mês, apenas quatro ficaram abaixo do esperado. No ano, essa comparação é ainda melhor, 23 setores tiveram performance positiva, ou seja, mais abriram do que fecharam postos de trabalho.
Tanto na avaliação mensal quanto na acumulada de janeiro a outubro, a fabricação de alimentos, confecções e artigos do vestuário, madeira e máquinas e equipamentos foram os segmentos que mais abriram oportunidades na indústria paranaense. A alta nos empregos em relação a setembro foi de 18,9%. No mês anterior o setor havia aberto 3.132 vagas. O segmento alimentício liderou o ranking mensal com 995 novos postos de trabalho, seguido por confecções (664), madeira (396) e máquinas e equipamentos (312). O automotivo foi o que mais demitiu, fechou 283 vagas. Na sequência vem a fabricação de artigos de couro (-135), petróleo (-46) e fumo (-17).
O retrato do ano é bem parecido com o desempenho no mês. Dos 48.220 postos abertos entre janeiro e outubro, alimentos tem saldo de 7.357 vagas. Confecções e artigos do vestuário acompanham de perto, com 7.113, seguida por madeira (4.735), máquinas e equipamentos (3.606) e fabricação de produtos de metal (3.524). A alta no resultado acumulado deste ano em relação ao mesmo intervalo do ano passado é de 177%. Naquele momento, o saldo acumulado foi de 17.380 novos trabalhadores contratados. Mas o dado deve ser visto com cautela, segundo o economista da Federação das Indústrias do Paraná, Thiago Quadros.
“A comparação com o mesmo período de 2020 é menos lógica porque avalia períodos em condições desiguais. No ano passado a indústria teve um impacto forte por conta das paralizações no período mais crítico da pandemia para a indústria, em março, abril e maio”, relembra. “Já no terceiro trimestre, o setor teve uma forte retomada, com alta na produção industrial e reflexos positivos no mercado de trabalho”, completa. O mais justo, segundo ele, é comparar o mesmo mês agora e no ano passado, quando a situação já estava num estágio mais avançado de recuperação.
Nessa avaliação de outubro deste ano contra outubro de 2020, o resultado é queda de 53% nos empregos da indústria do Paraná. “Os dados apontam para uma acomodação maior este ano, já que no ano passado o mercado ainda estava repondo as perdas do período de demissões no início da crise sanitária. Mas também sugere que o menor ritmo no crescimento da produção industrial do estado está refletindo nas vagas formais de trabalho”, acrescenta Quadros.
Para Evânio Felippe, também economista da Fiep, o estudo revela que uma das explicações para este comportamento pode estar atrelada ao mercado informal. “Os números mostram que a redução no desemprego, mostrada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está mais atrelada à retomada do trabalho informal do que às vagas com carteira assinada”, argumenta.
Outro fator que impede a recuperação mais rápida do emprego no país é escassez de mão de obra qualificada. “Alguns setores sofrem ou demandam mais do que outros, mas em geral o mercado vem exigindo mais qualificação do trabalhador. Se não tem capacitação à altura das vagas, a taxa de desemprego no mercado formal cresce, limita a capacidade de produção nas indústrias e o crescimento da atividade econômica em geral”, complementa Felippe. “A burocracia para contratação no setor formal e as facilidades da informalidade contribuem para esta disparidade na oferta de empregos entre as duas modalidades”, comenta.