REINALDO SILVA
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No Centro Municipal de Educação Infantil Menino Davi é assim: cada criança precisa cuidar de um bichinho e não pode deixar que outra pessoa se aproxime. Não são animais de verdade, claro, mas figuras adesivadas no chão das salas de aula e nos bancos do refeitório, marcando onde os pequenos devem se posicionar. A estratégia garante o distanciamento entre os alunos, medida necessária durante o período de pandemia de Covid-19. A diretora Juliana Boaretto Rodrigues garante: “Eles cumprem direitinho”.
No dia 23 de setembro, crianças de 3 e 4 anos de idade voltaram para as escolas de Paranavaí, divididas em dois grupos que alternam atividades presenciais e remotas, uma modalidade por dia. Na próxima segunda-feira (25), retornarão as turmas do berçário, que incluem a faixa etária de 1 e 2 anos, também de forma escalonada. “Fizemos um trabalho de adaptação dos centros de educação infantil, com recursos visuais, para receber as crianças menores”, afirma a secretária de Educação, Adélia Paixão.
O cronograma de volta às aulas nas escolas municipais teve início em maio, depois de mais de um ano de suspensão das atividades presenciais por causa dos protocolos de biossegurança. A retomada aconteceu aos poucos, começando com os alunos dos quintos anos até chegar aos menores. De acordo com a secretária de Educação, quase todos os estudantes estão frequentando os estabelecimentos de ensino, exceto os que apresentam comorbidades ou têm restrições médicas, que representam 1%, estima.
Ao todo, Paranavaí tem 9.234 crianças matriculadas em escolas ou centros municipais de educação. Desde o início da pandemia de Covid-19, em março do ano passado, 185 deixaram o sistema de ensino privado e buscaram a rede pública, a maioria entre 4 e 5 anos, comportamento que levou a Secretaria de Educação a fazer adequações. Foi necessário ampliar turmas e contratar professores. “Fizemos adaptações curriculares e estruturais”, diz Adélia Paixão.
Tecnologias – Quando fala das mudanças curriculares, a secretária se refere, entre outros aspectos, ao uso de novas tecnologias para o ensino. Com as aulas a distância, tornou-se necessária a utilização de computadores e telefones celulares para a transmissão do conteúdo. As crianças que não tinham acesso aos vídeos em tempo real recebiam o material posteriormente, dinâmica que garantiu 100% de participação, destaca a secretária de Educação.
Ao mesmo tempo em que lidavam com o novo cenário pandêmico, muitos professores se viram obrigados a adotar ferramentas de trabalho que não dominavam. “Aprendemos bastante. Fomos em busca de novas metodologias, usamos a criatividade e criamos intimidade com a tecnologia”, pontua a diretora Juliana Boaretto Rodrigues. Produziram vídeos diariamente e disponibilizavam atividades através da internet. Os grupos de reuniões online e de troca de mensagens também incentivaram maior participação dos pais na comunidade escolar, comemora.
Avaliações – A secretária de Educação faz uma comparação hipotética: se durante as aulas exclusivamente presenciais, antes da pandemia, era preciso ministrar o conteúdo três vezes para que fosse assimilado, as atividades remotas forçaram os professores a dobrar o nível de esforços e foi preciso trabalhar as informações de seis, sete formas diferentes. As dificuldades das aulas online comprometeram o processo de aprendizagem.
Avaliações quinzenais passaram a ser aplicadas nas escolas municipais, com o intuito de identificar as principais demandas dos alunos e recuperar os conteúdos. É um processo lento, avalia Adélia Paixão, e deverá se estender até 2022. Os mais prejudicados foram os estudantes em fase de alfabetização. Para se ter uma ideia, 93% dos alunos dos primeiros anos sabiam ler e escrever em 2019, mas o índice caiu para 85% em 2020.
Cada escola tem criado as próprias estratégias para reduzir os danos provocados pela pandemia. Desenvolvem atividades atrativas, como o uso de redes sociais e páginas na internet. O importante para que os resultados voltem aos patamares anteriores a 2020, diz Adélia Paixão, é que se mantenha a integração de todos os agentes envolvidos no sistema de ensino: Secretaria de Educação, escolas, alunos e pais.
Matrículas para 2022 – Na próxima semana, a Secretaria de Educação de Paranavaí deverá divulgar o calendário de matrículas para 2022. O cronograma está sendo estruturado e depende também das definições em âmbito estadual. Ainda não é possível saber qual será o formato das aulas, mas a perspectiva é que se mantenham as atividades presenciais, a depender do cenário pandêmico.
E por falar em 2022, Adélia Paixão informa que a construção de um centro municipal de educação infantil, já anunciado pelo prefeito em exercício, Pedro Baraldi, deverá ter início dentro de 90 dias, ou seja, em janeiro do próximo ano. Será a maior obra da Secretaria de Educação, diz. O novo CMEI atenderá a comunidade da região dos Três Conjuntos (Geraldo Felippe, Francisco Luiz de Assis e Luiz Lorenzetti).