REINALDO SILVA
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Maria Aparecida Braga tem 86 anos. Rosalina da Silva Lima, 57. As duas esperam, juntas, o ônibus circular que as levará do Jardim São Jorge, em Paranavaí, até o Terminal Urbano Ângelo Bogoni, no Centro. Estão em pé, apoiadas em um poste de energia elétrica. Ali não existe equipamento adequado para se sentarem enquanto aguardam.
O desconforto vai além: também não há cobertura que proteja das intempéries os usuários do transporte coletivo. “Quando está chovendo, a gente precisa usar sombrinha”, diz dona Maria. “Se for um pouco mais forte, a gente corre ali”, completa dona Rosalina, apontando para um estabelecimento comercial próximo.
A situação se repete em grande parte dos bairros e nos distritos de Paranavaí. As reclamações chegaram à Câmara de Vereadores e a parlamentar Maria Clara Gomes apresentou ao Poder Executivo pedido de melhorias. Citou especificamente os conjuntos Geraldo Felipe, Luiz Lorenzetti e Francisco Luiz de Assis. “Possuem apenas um ponto de ônibus coberto, porém se encontra em situação precária, não protegendo o munícipe da chuva, e os demais pontos nem sequer possuem sinalização.”
A resposta veio do secretário municipal de Proteção à Vida, Patrimônio e Trânsito, Matheus Buchner, dizendo que já está sendo analisada “a possibilidade de substituição de todos os abrigos de pontos de ônibus localizados em Paranavaí”.
Em conversa com o Diário do Noroeste, o titular da pasta deu mais detalhes sobre o planejamento para resolver o problema. O processo de licitação para a implantação de 100 abrigos está em tramitação e deve ser concluído em até 40 dias. Serão atendidos bairros e distritos.
“Estima-se que o investimento seja de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão. Como haverá concorrência, o valor pode variar”, informa Buchner. A previsão é que os primeiros abrigos sejam instalados ainda este ano. Por ser um volume grande, o trabalho deverá ter continuidade em 2023.
Sobre as estruturas já existentes, o secretário avalia: “Em sua maioria, [os abrigos nos pontos de ônibus] não estão em condição de uso, então nós vamos fazer a remoção e a instalação de novos”.
Ele também propõe uma readequação para a padronização dos abrigos existentes. Alguns precisam de pequena manutenção, pintura, reparos no acrílico ou nova chapa de aço, exemplifica. A revitalização não está prevista nesta primeira etapa de investimentos.
Linhas e horários – Em Paranavaí, o transporte coletivo funciona em modelo de concessão. Em resumo, é quando uma empresa privada presta serviços para o poder público, com pagamento através da cobrança de tarifas dos usuários.
Os ônibus da Viação Cidade Paranavaí circulam por bairros e distritos de Paranavaí em sete linhas, conforme consta no site da empresa (www.cidadedeparanavai.com.br). O primeiro a entrar em circulação de segunda a sexta-feira sai do Jardim Morumbi às 5h40. O último deixa o terminal urbano às 23h30, fazendo a ligação interbairros.
Moradora do Jardim Simone II, Sandra Regina Fagundes, 50 anos, calcula que antes havia mais horários de circulação dos ônibus. Agora está mais difícil se deslocar do bairro até o Centro.
Ela precisa do transporte coletivo para buscar remédios gratuitos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Normalmente, embarca pouco depois das 10h30, chega ao terminal por volta das 11h e só consegue voltar para casa depois das 13h30, horário em que o próximo ônibus parte em direção ao bairro.
De acordo com a Viação Cidade de Paranavaí, o fluxo de passageiros diminuiu desde o início da pandemia de Covid-19, algo em torno de 70%. Foi preciso adequar o cronograma à baixa demanda.
Com o cenário sanitário mais favorável do que nos anos anteriores, o número de usuários está voltando a crescer. A empresa está acompanhando a evolução e, gradativamente, à medida que houver necessidade, retomará os horários usuais. Constantemente são feitos registros da quantidade de passageiros.