JOÃO GABRIEL E ALEX SABINO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O Governo de São Paulo determinou que o Campeonato Paulista, cujo início está marcado para 23 de janeiro, tenha público limitado a 70% nos estádios e exija comprovante de vacinação dos torcedores. A medida visa a frear a nova onda de coronavírus, impulsionada pela variante ômicron, e também a epidemia de influenza. A decisão foi sugerida pelo Centro de Contingência do Estado e anunciada pelo governador João Doria (PSDB) nesta quarta-feira (12).
“Isso se aplica a partir do dia 23 de janeiro, com a volta do Campeonato Paulista de futebol. A Copinha, embora tenha boa repercussão, tem público diminuto, então não há necessidade de estabelecer restrição”, afirmou Doria, referindo-se à Copa São Paulo de juniores, em andamento –no entanto, a final do torneio acontece no dia 25 e, portanto, deve seguir as novas regras.
O anúncio foi acompanhado de uma recomendação para que as prefeituras adotem as mesmas medidas para os eventos com aglomeração, como shows musicais e outras disputas esportivas. Mas, nesses casos, cabe às administrações municipais adotar ou não as restrições.
“No caso de futebol, compete ao Governo do Estado, não é uma decisão municipal. Portanto, é uma determinação e deverá se obedecida pelas federações”, salientou Doria.
“Todos os eventos devem exigir o comprovante da vacina, se possível teste PCR. […] A depender da sua situação epidemiológica do município, esse percentual pode ser alterado para mais”, afirmou o coordenador executivo do comitê científico do Estado, João Gabbardo.
Procurada, a FPF (Federação Paulista de Futebol), responsável pelo Paulista, não se posicionou até a publicação deste texto.
As restrições de públicos em estádios de futebol do estado paulista tinham acabado em novembro do ano passado, quando o governo passou a permitir que as partidas fossem disputadas com 100% das arquibancadas ocupadas.
Na terça-feira (11), as cidades do ABC Paulista, por meio do Consórcio Intermunicipal ABC, já haviam solicitado ao governo que aumentasse as restrições de público para jogos da Copa São Paulo e do Campeonato Paulista. Também na terça, dirigentes de clubes paulistas estavam em alerta para a possibilidade de novas restrições no futebol.
A nova onda de coronavírus não se dá apenas no Estado de São Paulo. O aumento no número de internações e, sobretudo, no número de novos casos é registrado após a chegada da variante ômicron no país e também após as festas de final de ano. Soma-se a esse cenário a epidemia de influenza, que tem aumentado a demanda por atendimento em hospitais de pessoas com quadro gripal.
A Prefeitura de São Paulo estima que 80% dos casos de infecção pelo coronavírus na cidade já sejam de contágio pela ômicron. No estado, as internações por Covid-19 em UTI cresceram 70% nos últimos sete dias.
Para Wallace Casaca, professor de matemática e computação da Unesp e um dos coordenadores do InfoTracker, os aumentos de internações em leitos de UTI e de enfermaria em todo o estado já estão generalizados, e a velocidade com que novos pacientes precisam de hospitalização é preocupante.
Segundo o pesquisador, a elevada cobertura vacinal em todo o estado faz com que o número de óbitos seja menor, mas a pressão no sistema de saúde permanece a mesma. “Infelizmente, esse é o cenário do estado de São Paulo hoje. E, se nada for feito, pode ser que muitos desses casos levem a uma pressão nos serviços de saúde”, afirmou.