BRUNO BRAZ, STEFANIE RAMOS E RODRIGO MATTOS
DA UOL/FOLHAPRESS
A possibilidade de Pedro, do Flamengo, vestir a camisa do Palmeiras agitou a janela de transferências no começo do ano. Além do valor que ultrapassaria os 100 milhões de reais, a rivalidade entre os clubes também contou bastante.
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o camisa 21 do rubro-negro carioca explicou o motivo da negociação com o alviverde paulista não ter ido adiante.
“Tive um momento muito difícil, porque não vinha tendo sequência, não vinha jogando muito tempo. E aquela ‘não entrada’ contra o Atlético-MG, em que eu fiquei no banco na Supercopa, me deixou muito frustrado na época. Naquele momento, passou pela minha cabeça que eu precisava jogar. Sou um cara que está sempre querendo mostrar meu trabalho, porque sei que tenho capacidade de chegar muito longe”, disse. E continuou:
“Então, eu pensava que, na janela [de transferências], teria que ver o que seria melhor para mim e para a minha carreira. Passou pela minha cabeça que eu precisava de uma oportunidade (…) A diretoria [do Flamengo] não liberou [a negociação com o Palmeiras]. Eu tenho em mente que só vou fazer algo que o Flamengo liberar. Então foi de clube para clube”, completou.
Mágoa por não ter sido liberado para as Olimpíadas – Pedro estava na lista dos convocados por André Jardine, treinador da seleção olímpica, para os Jogos Olímpicos de Tóquio. No entanto, o Flamengo não quis ceder o jogador para a competição que terminou com o Brasil com a medalha de ouro. Como as Olimpíadas não são um campeonato regulamentado pela Fifa, o clube não tem obrigação de liberar seu atleta. Apesar disso, ao permanecer no Brasil, o camisa 21 não teve uma sequência de jogos como titular pelo rubro-negro carioca.
“Como falei, fiquei um pouco chateado na época, porque eu queria estar na seleção. Mas a diretoria foi bem clara comigo, sempre deixou claro que não iria me liberar. O que mais me deixou chateado foi que no momento das Olimpíadas eu joguei só uma partida como titular, se eu não me engano. (…) Tentei convencê-los de que eu queria ir, queria estar na seleção, mas não liberaram e eu respeitei. Ir para os Jogos Olímpicos poderia ter sido uma chance muito boa de ser convocado para a seleção brasileira e ter uma oportunidade, mas isso é passado”, comentou.
Segredos de sua ótima fase no Flamengo – Em ótima fase no Flamengo, Pedro atuou em 48 partidas, marcou 20 gols e deu 6 assistências na atual temporada. Seu bom desempenho também é reflexo de um trabalho feito com especialistas fora do Ninho do Urubu.
“Eu treino diariamente no Flamengo e também trabalho em casa para aperfeiçoar todo o trabalho físico e de fisioterapia. Tenho evoluído bastante nos dados de GPS. O futebol de hoje precisa disso, de todo mundo defender e atacar. Então, eu procurei evoluir no quesito físico, o que tem me ajudado bastante. Também pego como exemplo David Luiz, Diego Ribas e Filipe Luis, que são caras experientes, que rodaram o mundo. Eu faço um trabalho técnico e tático por fora. Em geral, posicionamento de jogo, velocidade e formas para conseguir me desmarcar. São detalhes que fazem diferença no jogo”, citou.
Copa do Mundo – As boas atuações de Pedro o colocaram no radar de Tite, técnico da seleção brasileira, para a Copa do Mundo, que acontece em novembro deste ano. O treinador já elogiou o atacante e deixou claro que o observa para uma possível convocação. O camisa 21 deixou claro que tem esperanças de estar no Mundial do Qatar.
“Fiquei muito feliz com as falas do professor Tite, é um sonho vestir a camisa da seleção e quando ele fala isso me dá ainda mais esperança. Mas continuo trabalhando da mesma maneira, com os pés no chão e firme. Hoje, ter a chance de estar na Copa do Mundo é um sonho de criança, não só meu, mas de toda minha família e espero poder concretizá-lo. A minha característica como pivô, como um 9, é algo que o Tite vem falando bastante e acredito que isso pode me ajudar a chegar na seleção”, declarou.
Sucesso da dupla com Gabigol – A parceria entre Gabigol e Pedro já gerou algumas polêmicas. Antes da chegada de Dorival Júnior ao comando do Flamengo, outros treinadores já haviam falado que não teria como os dois jogarem juntos. No entanto, o novo treinador colocou a dupla em campo e os resultados são excelentes, com o time vivo e forte em três competições. O atacante comentou que a boa relação com o camisa 9 não é apenas dentro das quatro linhas.
“Como o Gabriel sempre fala, o problema vai ser para o adversário. A gente quer ajudar o Flamengo, quer dar o melhor e a história de jogar junto depende apenas do treinador, porque sempre nos demos bem dentro e fora de campo. (…) O professor Dorival confiou em nós e também sempre pede para que a gente ajude defensivamente, porque ele sabe que na parte ofensiva nós podemos dar resultado. Então, o que ele mais pede é para a gente focar em ajudar o grupo”, completou.