REINALDO SILVA
reinaldo@diariodonoroeste.com.br
A Mesorregião Noroeste reúne três estações de pesquisa do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), em Paranavaí, Umuarama e Xambrê, com 26 projetos de pesquisa em andamento. Um deles foi tema central do 2º Dia de Campo Integra Arenito: o uso do sorgo na alimentação animal.
O evento em Paranavaí, na manhã de ontem, contou com a participação de pesquisadores, técnicos e produtores rurais. Foi oportunidade para transferir conhecimentos e compartilhar os resultados de dois anos de estudos sobre o cultivo de sorgo em solo arenoso.
Com ciclo de aproximadamente 120 dias, o tipo granífero apresentou desenvolvimento satisfatório. “É uma planta rústica, tolerante a longos períodos de seca”, explicou o pesquisador Mateus Azevedo, chefe do polo do IDR-PR de Paranavaí.
Com baixa capacidade de retenção de água e menor concentração de nutrientes, o solo arenoso não comprometeu o crescimento do sorgo, o que é comum em outras culturas, por exemplo, milho e soja.
Nesse sentido, o sorgo se mostra uma alternativa viável para alimentação animal, especialmente como forma de reduzir os custos da pecuária.
De acordo com Kátia Fernanda Gobbi, pesquisadora e coordenadora estadual do programa Pecuária de Corte do IDR-PR, o Noroeste é o principal produtor de rebanhos bovinos do Paraná, com capacidade para crescer. “Precisamos pensar na intensificação da produção com conservação e sustentabilidade.”
Apresentado como opção para o sistema de plantio integrado, o sorgo traz a possibilidade de diversificação sadia, seja na alternância com pastagens, seja com outras culturas, inclusive a mandioca.
“O potencial é muito grande”, garantiu Mateus Azevedo. Ainda é cedo para assegurar que o cultivo do sorgo seja uma solução definitiva para baratear os custos da produção pecuária, mas esses dois anos de pesquisa indicam que o futuro é promissor.
Para dar uma ideia dos resultados obtidos em Paranavaí, a equipe de pesquisadores alcançou a marca de 8 toneladas de grão por hectare. É mais que o dobro da média nacional, 3 toneladas.
Apesar das vantagens que se desenham com o cultivo de sorgo, os números ainda são baixos, representando apenas 1,2% da produção de grãos no Brasil. O percentual é muito inferior se comparado aos da soja (48%) e do milho (40%). A Região Sul é a que menos produz.
Além da alimentação animal, o sorgo é considerado uma fonte de energia alternativa para o consumo humano. O analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Frederico Botelho afirmou que o uso é semelhante ao do trigo, com um diferencial: tem diversos componentes nutricionais. Há estudos que indicam benefícios vasculares e até mesmo combate a células cancerígenas.
Boletim técnico – O 2º Dia de Campo Integra Arenito foi ocasião para o lançamento do boletim técnico Plantio Direto de Mandioca em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária no Noroeste do Paraná. O material está disponível gratuitamente no site do IDR-PR (idrparana.pr.gov.br).
O material produzido por pesquisadores do IDR-PR explica que apesar da boa aptidão e do alto potencial agropecuário, os solos do Arenito Caiuá têm fragilidades, por isso é necessário adotar práticas para o uso sustentável das áreas. O plantio direto é uma maneira eficiente de controle do escorrimento superficial das águas pluviais e os sistemas integrados de produção agropecuária (Sipa) permitem a incorporação de matéria orgânica no solo.
Conforme consta no boletim técnico, “para a pecuária de corte e a mandiocultura, os Sipa são potenciais alternativas na busca da sustentabilidade, incluindo o desenvolvimento do plantio direto da mandioca sobre a palhada do pasto”.
Nos solos arenosos, outro grande benefício da cobertura constante é a redução do processo erosivo.
Presenças – Também participaram do 2º Dia de Campo Integra Arenito a diretora de Pesquisa e Inovação do IDR-PR, Vania Cirino; o diretor de Integração Institucional do IDR-PR, Rafael Fuentes Llanillo; o chefe do Núcleo Regional de Paranavaí da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), José Jorge de Oliveira Neto; e o vice-prefeito de Paranavaí, Pedro Baraldi.