As universidades estaduais de Londrina (UEL), Maringá (UEM), Ponta Grossa (UEPG), do Oeste do Paraná (Unioeste), do Centro-Oeste (Unicentro) e do Paraná (Unespar) desenvolvem estudos científicos no âmbito do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (Napi) em Emergência Climática. O objetivo é avaliar o impacto de mudanças climáticas no território paranaense, a fim de contribuir para a redução da emissão de gases de efeito estufa provenientes de atividades industriais e agropecuárias.
A expectativa é que essas pesquisas viabilizem dados relativos a possíveis emergências climáticas, com possibilidade de sinalizar eventuais intervenções, considerando uma tendência de intensificação de fenômenos naturais extremos. O intuito é quantificar os impactos e a redução de riscos para as atividades econômicas e sociais da população mais vulnerável.
Esta matéria faz parte de uma série de reportagens voltadas para a divulgação científica e que tem como objetivo promover os resultados de estudos acadêmicos desenvolvidos por pesquisadores, professores e estudantes das sete universidades estaduais do Paraná. Os textos serão publicados semanalmente com o selo Paraná Mais Ciência, um programa estratégico do governo, previsto no Plano Plurianual do Estado (PPA), que viabiliza os recursos financeiros do Fundo Paraná de fomento científico e tecnológico, administrado pela Secretaria da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior (Seti).
As pesquisas estão divididas em cinco eixos temáticos: perspectivas de mudanças climáticas globais e particularidades do Paraná; impactos de mudanças climáticas na biodiversidade e bases ecológicas do território paranaense; mitigação de emissões de gases de efeito estufa e poluentes climáticos de vida curta; adaptabilidade e resiliência humana para as mudanças e emergências climáticas no Paraná; ações e perspectivas educacionais no processo de sensibilização e conscientização para o enfrentamento da emergência climática no Paraná.
Um dos estudos do arranjo de pesquisa em emergência climática é desenvolvido na UEPG, coordenado pelo professor de climatologia Gilson Campos Ferreira da Cruz, do Departamento de Geociências. O docente analisa aspectos de mudanças climáticas, considerando a formação de ilhas de calor, por meio da termografia de superfície e do ar, técnica que permite mapear o calor de um objeto, exibindo uma imagem da distribuição de temperatura.
Com foco no clima urbano, a pesquisa está alinhada ao quarto eixo, para relacionar diferentes formas de uso do solo com aquecimento da superfície e do ar. O estudo envolve, também, perspectivas relacionadas a inundações, especialmente em áreas urbanas de cidades paranaenses, principalmente Ponta Grossa, nos Campos Gerais, Campo Mourão, no Oeste do Estado, e Maringá e Paranavaí, no Noroeste.
Doutor em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP), o professor Gilson Cruz vem estudando essas questões desde a pós-graduação e já comprovou um aumento significativo da temperatura em conglomerados urbanos. Ele explica que a grande quantidade de pessoas, imóveis, vias asfaltadas e veículos nas cidades resulta em temperaturas mais altas e umidade do ar mais baixa.
O elemento climático da umidade, inclusive, interfere diretamente na precipitação pluviométrica (chuva) dos centros urbanos e regiões mais distantes. O pesquisador ressalta a relevância da ciência para evitar tragédias como as enchentes em diversas cidades do Rio Grande do Sul, depois das chuvas intensas que caíram sobre o estado, entre abril e maio deste ano.
O professor Gilson Cruz destaca a importância de adotar medidas ambientalmente mais sustentáveis. “É preciso buscar formas para equilibrar o clima nas cidades, por meio de estudos das condições locais e promover adequações, que vão desde a arborização de ruas até a construção de parques e utilização de materiais e técnicas construtivas que interfiram no conforto climático”, afirma.