(44) 3421-4050 / (44) 99177-4050

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Compartilhe:
O ex-presidente Jair Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro

DATAFOLHA

Polarização entre petistas e bolsonaristas é hoje a mesma do pós-eleição

IGOR GIELOW

FOLHAPRESS

O clima político brasileiro pode ter amainado nas relações entre poderes ao longo deste ano, mas a polarização que marca a sociedade segue exatamente onde estava. Segundo o Datafolha, o índice daqueles que se dizem petistas convictos é de 30%, enquanto os bolsonaristas da mesma extração são 25%.

Em dezembro de 2022, quando propôs a aferição pela primeira vez, o instituto encontrou 32% de petistas, número similar ao atual devido à margem de erro de dois pontos percentuais, e os mesmos 25% de aderentes de Jair Bolsonaro (PL).

Durante 2023, o Datafolha repetiu o levantamento em outras três ocasiões antes da atual, feita com 2.004 pessoas no dia 5 deste mês. Em todas, a flutuação do cenário foi mínima, dentro da margem de erro.

E não só nos extremos. O questionário visa apurar como o eleitor brasileiro se define, numa escala de 1 (bolsonaristas) a 5 (petista). Nos níveis intermediários, tudo igual: 10% se dizem mais simpáticos ao PT do presidente Lula, ante 9% há um ano. Já aqueles que se veem mais próximos do ex-presidente são os mesmos 7%.

Já o centro, essa quimera que iludiu uma fila de candidatos a ser a terceira via na política nacional nos últimos anos, é assumido como designação pelos 21% que afirmam serem neutros –20% há um ano. Aqueles que rejeitam todas as posições também seguem nos 5% de 2022, após um pequeno soluço que sugeria aumento (8%) na medição de junho.

O perfil desse eleitor, objeto de desejo que ainda não foi pescado de forma convincente por nenhum dos lados da política, inclui ser do Sudeste (49%, ante 43% da amostra populacional geral da pesquisa), mais instruído (32%, ante 22%), jovem até 34 anos (49%, ante 35%) e do sexo masculino (57%, ante 49%).

De resto, as divisões por estratos socieconômicos e regionais que imperam no mapa eleitoral brasileiro são repetidas: são mais bolsonaristas sulistas (35%, indo a 41% se contados os simpatizantes) e evangélicos (34%, subindo a 44% com os que se sentem próximos), por exemplo, enquanto se dizem mais petistas moradores do Nordeste (51%, 41% dele petistas raiz).

A fotografia se segue a um ano em que as relações políticas se normalizaram, após o momento de convulsão golpista do 8 de janeiro, quando apoiadores de Bolsonaro atacaram as sedes dos três Poderes em Brasília. O movimento não resultou no golpe de Estado desejado por eles e teve o condão de unir os atacados por um tempo.

A dinâmica da política restabeleceu as desavenças pontuais, com o Congresso tendo seus atritos aqui e ali com o Executivo, que não emplacou uma agenda robusta ainda, e com o Judiciário, com as insinuações de enquadramento daquilo que parlamentares chamam de ativismo de ministros do Supremo.

Isso dito, não há o clima de crise aguda permanente que marcou os anos de Bolsonaro, particularmente a partir da chegada do Sars-Cov-2 e a pandemia de Covid-19 ao país, no começo de 2020. O então presidente adotou uma agenda de confronto negacionista com estados, municípios e Supremo, que depois evoluiu para a campanha contra o sistema eleitoral e as ameaças de golpe.

Neste ano, Bolsonaro foi punido com a perda de direitos políticos até o pleito de 2030, o que significa que ele está fora da disputa pela sucessão de Lula, e enfrenta diversas acusações judiciais. Mas seu capital eleitoral segue intocado, como o Datafolha mostra, levando à questão sobre quem será o herdeiro presumido em 2026 –de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) a Romeu Zema (Novo-MG), a lista varia.

Lula conta com a polarização para manter seu campo mobilizado, mas o resultado global apontado pela pesquisa em termos de popularidade reflete um desempenho mais cansado do que o que colheu na sua primeira passagem pelo Planalto, a partir de 2003.

Com 38% de ótimo e bom, está melhor do que Bolsonaro à mesma altura do governo, mas ele era um presidente que trabalhava no diapasão da ruptura desde o começo do mandato. O baixo desemprego e a inflação controlada em que pese a renda ainda em baixa e os preços altos de grupos como o de alimentos, parecem ajudar a manter Lula acima da linha d’água.

Com esse cenário, a divisão ideológica se destaca. Ela colocará à prova lealdades nas eleições municipais do ano que vem, dado o peso que a rejeição ao campo adversário terá na composição de candidaturas. Ser apoiado por Lula ou Bolsonaro será uma dádiva ou uma maldição, a depender de condições específicas das disputas.

O presidente Luiz Inácio da Silva
Compartilhe: