*Rafael Octaviano
É nítido que vivemos o pior momento da arbitragem Brasileira, mas a culpa é apenas dos árbitros? Muito embora a parcela mais significativa da tragédia recaia sobre eles, não são os meios, mas sim o fim do processo, que envolve uma sociedade produzida para levar vantagens em tudo.
Se questões físicas, psicológicas, fisiológicas, comportamentais, tecnológicas, de comunicação, e outras, evoluíram ao longo dos anos para facilitar o trabalho dos árbitros, a qualidade do serviço entregue piora de maneira exponencial, e nos leva a uma reflexão.
Por que existe arbitragem? Porque a sociedade (times), não conseguem interpretar as leis e regulamentos com isenção, necessitam de um mediador para dirimir as dúvidas que as próprias leis e regulamentos deveriam proporcionar. Por que criaram o quarto árbitro e auxiliares? Porque a sociedade vai criando cada vez mais ferramentas para ludibriar um único mediador.
Agora com a tecnologia, criaram o VAR, que em tese, deveria ter mais uma vez a função de dirimir as dúvidas, em especial, lances não interpretativos. Com tanto material humano e tecnológico afinal, quem toma a decisão? O VAR interfere quando não deveria interferir, e não interfere quando deveria interferir. O quarto árbitro, funciona como um árbitro de MMA, controlando os bancos de reservas, aliás, para que tanta gente no banco?
Vivemos atualmente um momento em que todos, todos no campo sem exceção tentam ludibriar a arbitragem e levar vantagens no jogo, ou alguém acredita mesmo que aquelas linhas traçadas do VAR, com ajustes manuais arcaicos refletem com fidedignidade o momento exato do impedimento?
O problema da arbitragem Brasileira está na cultura do nosso povo, estamos vendo uma geração de atletas, árbitros, dirigentes educados por um modelo que privilegia as desavenças, a vitimização, o discurso de ódio. Nesse sentido, concluo que o que nossos olhos vêm nos jogos de futebol no Brasil, nada mais são do que a “estratificação” da nossa sociedade.