REINALDO SILVA
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O primeiro mandato da Câmara de Vereadores de Paranavaí teve início em 1952 e se estendeu até 1956, mas só em 1993 o Legislativo Municipal teve cadeira ocupada por uma mulher, Helena Ribeiro Porto, que permaneceu no cargo até 1996. Ela voltou em 2001, ao lado de Eralda Daminelli Garcia, com mandato até 2004. Zenaide Borges veio depois, eleita para o período de 2013 a 2016 e reeleita por mais quatro anos (2017-20).
O atual corpo legislativo era composto por duas mulheres, Professora Cida Gonçalves e Fernanda Zanatta, mas o quadro feminino foi ampliado depois que a Justiça Eleitoral cassou o mandato de Luiz Aparecido da Silva (Mancha da Saúde) e Antonio Valmir Trossini e determinou a retotalização dos votos nas proporcionais de 2020. A nova contagem levou Zenaide Borges de volta à Câmara de Vereadores e garantiu a estreia de Maria Clara na vida pública. Agora, pela primeira vez na história, elas representam 40% dos parlamentares.
A cerimônia de posse das novas vereadoras foi na noite de segunda-feira (6), conduzida pelo presidente Leônidas Fávero Neto. Reuniu familiares, amigos, correligionários e apoiadores de Zenaide Borges e Maria Clara, que falaram sobre representatividade feminina e respeito. Também permearam os discursos a manifestação da vontade de atuar em prol dos paranavaienses, lutando por causas sociais e por melhorias nos mais diferentes setores da administração pública.
Vereadora do PP, Zenaide Borges disse que se sente privilegiada por voltar ao Legislativo. Recebeu 1.330 votos e esteve entre os nomes preferidos dos eleitores em 2020, mas não conseguiu o cargo por causa dos cálculos eleitorais. Com a eleição confirmada, quase um ano após o início da atual gestão, ela garantiu que fará o que estiver ao alcance para atender as demandas da população. Ressaltou o contentamento por fazer parte da maior bancada feminina de todos os tempos e declarou às companheiras: “Me sinto muito feliz ao lado das nobres vereadoras”.
Eleita pelo MDB, Maria Clara, 22 anos, é a vereadora mais jovem a ocupar uma cadeira no Legislativo de Paranavaí. Afirmou que foi motivada pelo desejo de transformar a política e conseguiu 763 votos. Em vez da desesperança que tomou conta dos brasileiros nos últimos anos, quer fazer aflorar a expectativa de um futuro melhor. Levantou a bandeira de defesa pelo povo, com serviços públicos de qualidade, buscando o crescimento e o desenvolvimento de Paranavaí.
Situação e oposição – Maria Clara afirmou que tem ideais definidos para atender a população paranavaiense e que se manterá firme às diretrizes do MDB. A sigla está inserida no grupo político de oposição ao Governo Municipal, no entanto, a nova vereadora disse que a intenção é legislar em parceria com os demais parlamentares, sem pensar em se opor, apenas atuar da melhor maneira possível em favor de Paranavaí.
Zenaide Borges, do PP, argumentou que o principal objetivo é representar os munícipes, independentemente de ideologias político-partidárias. O Progressista também reúne opositores ao prefeito Carlos Henrique Rossato Gomes (KIQ).
A vereadora do PP foi enfática ao pedir respeito: por sua história na vida pública, pelos oito anos que esteve no Legislativo, pela determinação judicial que deu a ela o novo mandato. “Não fiz nada de errado. Estou cumprindo a decisão da Justiça, atendendo aquilo que a mim foi determinado.” Ela se referiu às críticas que tem recebido desde o anúncio da cassação dos mandatos de Mancha da Saúde e Valmir Trossini.
Em rápida manifestação, o presidente da Câmara de Vereadores reforçou o discurso de conciliação. “Que sejamos uma família para atendermos, juntos, a população de Paranavaí.” Depois da cerimônia de posse, durante a sessão ordinária, outros parlamentares falaram em favor do trabalho em parceria pela aprovação de leis que proporcionem o bem-estar da comunidade.
Cassação dos mandatos – A retotalização dos votos nas eleições para vereadores em 2020 aconteceu no último dia 29 de novembro, resultado do processo judicial que levou à cassação dos mandatos de Mancha da Saúde e Trossini, ambos do PSB, depois da acusação de fraude à cota de gênero. No entendimento da Justiça Eleitoral, o partido apresentou candidatura feminina apenas para cumprir a cota mínima exigida pela lei.
Com a nova totalização, todos os votos dirigidos a candidatos do PSB foram considerados nulos e os cálculos foram refeitos. O então presidente do partido, Fernando Vaz de Carvalho, e Trossini perderam os direitos políticos por oito anos, contados a partir da eleição de 15 de novembro de 2020. Mancha da Saúde poderá se candidatar em 2024.