*Mario Eugenio Saturno
Em 1972, há 50 anos, em pleno Sesquicentenário da Independência, as crianças das escolas foram convidadas a um trabalho voluntário, compor um coral de mil crianças para cantar os diversos hinos de nossa Pátria para as comemorações. Com quase dez anos, eu me dirigia ao Ginásio de Esportes do Conjunto Esportivo de Catanduva para os ensaios.
Nessa época, ouvia dos meus professores (a maioria processada pela ditadura em vigor) que o Brasil era a potência do futuro, mas faltava ao país engenheiros, técnicos, professores, enfim, Educação. Cresci acreditando que faríamos deste país uma grande nação. Quase chegamos lá… Trabalhando, podemos ser a terceira potência econômica.
Com um presidente “militar”, esperava-se que o país estivesse fazendo preparativos para comemorar o Bicentenário da Independência, só que não! A fama de o presidente ser uma autoridade da indolência e desídia fica mais forte em situações de falta de amor à Pátria como essa. A data passaria em branco, se não fosse por São Paulo que entregará a reforma do Museu do Ipiranga, que já era fantástico antes.
E este Bicentenário será o da derrocada da nação, com um presidente que não reúne sua equipe para trabalhar para tornar esta uma grande nação, estamos em crise sanitária, científica, econômica, social e educacional. Talvez seja ingenuidade esperar algo de alguém que somente viveu a expensas do estado brasileiro, entregando apenas conversas fiadas de patriotismo torto.
O presidente parece acreditar que a palavra tem mais poder que o trabalho. De Los Angeles, para combater a carestia brasileira, ele pede aos empresários dos supermercados que não remarquem preços. Que pateta! E discursa na IX Cúpula das Américas afirmando que o Brasil alimenta um bilhão de pessoas e garante a segurança alimentar de um sexto da população mundial. E que sem o nosso agronegócio, parte do mundo passaria fome.
Presidente, parece que seus ministros não o informaram, mais de 33 milhões de brasileiros passam fome todo dia e, só em 2020, esse número aumentou em 14 milhões. Hoje, totalizam mais de 125 milhões de brasileiros que não têm comida garantida todo dia, comem mal ou comem pouco, ou seja, estão em insegurança alimentar.
O Brasil alimenta um bilhão de estrangeiros, mas deixa 125 milhões de compatriotas passarem necessidades. Enquanto isso, os partidos políticos recebem pelo fundo eleitoral R$ 4,9 bilhões para fazer campanhas eleitorais. Quase dez milhões de reais para cada deputado federal. Ainda há o fundo partidário, distribuído anualmente, cerca de dois bilhões de reais. Sete bilhões de reais do erário para políticos parece-me muito.
Sem falar da mordomia dos cargos públicos, por exemplo, cada vereador carioca tem direito a mil litros de gasolina por mês e a maioria utiliza a cota toda…
Enquanto isso, o presidente sem ideias novas e sem saber copiar as antigas, como a Frente de trabalho, resolve cortar R$ 3 bilhões da Ciência e Tecnologia… Isso equivale a tomar as sementes selecionadas para a próxima safra e fazer pão para os apaniguados. Afinal, a próxima safra é problema do próximo presidente.
*Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano