Nas quadras, piscinas e campinhos, enquanto brincam e se exercitam, crianças e adolescentes estão, também, desenvolvendo uma série de habilidades que, no futuro, podem contribuir fortemente para que eles sejam profissionais melhores e mais desejados pelo mercado de trabalho. As almejadas soft skills, tão comentadas nos últimos anos, são facilmente trabalhadas durante a prática esportiva.
Para a professora de Educação Física e diretora do Colégio Passo Certo, Lorena Paoloni, qualidades como comprometimento, desenvoltura, capacidade de trabalhar em equipe, agilidade e honestidade estão todas contidas nos esportes. “Hoje em dia, as empresas buscam incansavelmente profissionais que unam esse conjunto de habilidades. Elas são, muitas vezes, tão ou mais importantes que a formação e a experiência desses profissionais”, destaca. Segundo ela, embora haja muitas maneiras de trabalhar essas competências, o esporte é, provavelmente, a mais divertida e saudável.
Ao se envolver nas atividades físicas, os estudantes têm a oportunidade de exercitar também a inteligência emocional, o senso de coletividade e a autoconfiança, características fundamentais para quem deseja ter uma carreira de sucesso, seja qual for a área de atuação profissional. “Mesmo que o ponto de partida da prática esportiva seja a competitividade, as crianças estão, na verdade, exercitando a competição saudável, o que também precisa ser feito na carreira profissional”, lembra.
Mexer o corpo para sacudir a mente
É claro que colocar o corpo em movimento é importante para as funções cardiovasculares, a respiração e a oxigenação dos tecidos, por exemplo, mas permite também uma espécie de “limpeza” mental. Lorena explica que, além de regular as funções vitais, a atividade física permite que qualquer pessoa entre em contato com questões internas. “Praticando esportes, aprendemos a lidar com a vitória e a derrota, descobrimos nossos próprios limites e podemos até mesmo ter revelações importantes de autoconhecimento”, afirma.
Todos esses benefícios têm reflexo direto nas relações humanas. Um bom atleta sabe ter empatia e respeitar seus adversários, é solidário e aprende a conviver melhor com as diferenças. Essas habilidades serão importantes também no mundo do trabalho. Assim também funciona com o trabalho em equipe, indispensável nos esportes e na carreira. Um profissional que sabe lidar com seus colegas, subordinados e superiores tem muito mais chances de sucesso.
Competir é importante, mas o espírito de competição não deve atropelar outras competências, ressalta Lorena. “Simplesmente querer ser melhor do que os outros não traz resultados nem para o profissional, nem para o negócio. O essencial, no trabalho e no esporte, é colocar em campo os próprios talentos, mas não ofuscar os companheiros de equipe”, compara. Aliás, os melhores integrantes das equipes são aqueles que criam condições para que cada um possa se expressar e brilhar também. O mesmo serve para adversários de negócios ou de outros times. “É difícil pensar a favor do oponente – ou da concorrência –, mas esse pode ser um excelente exercício de empatia. No fim, o que mais importa ao público é o jogo em si, e não os resultados”, finaliza.