*James McSill
A concepção de felicidade evoluiu ao longo da história, refletindo as mudanças culturais e filosóficas de cada época. Na Roma Antiga, era associada à virtude e à serenidade de espírito, conforme ensinado pelos estoicos.
Na Idade Média, influenciada pela teologia cristã, era vista como a união com Deus e a obediência às suas leis. O Iluminismo trouxe a ideia de que a felicidade é um direito individual a ser perseguido nesta vida, enfatizando o bem-estar pessoal.
No século XIX, a Revolução Industrial introduziu uma visão mais materialista da felicidade, ligada ao sucesso financeiro e ao progresso tecnológico. O século XX viu o surgimento da Psicologia Positiva.
Atualmente, no século 21, a felicidade é frequentemente relacionada ao bem-estar pessoal, à realização individual, ao equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, à saúde emocional e mental, e à importância das relações sociais.
Essas mudanças mostram que, embora as concepções variem, a busca por felicidade é uma constante na experiência humana, influenciada por diversos fatores culturais, sociais e individuais. Reconhecer a diversidade dessas perspectivas nos ajuda a compreender melhor o que significa ser feliz em nosso próprio contexto.
Essa busca, portanto, transcende culturas, religiões e sociedades. Argumenta-se que não evoluímos para ser consistentemente felizes, mas sim para sobreviver e nos reproduzir.
No entanto, desde meados do século XX, a felicidade se tornou uma obsessão cultural, influenciando muitas áreas de nossas vidas, ligadas ao significado e ao propósito do “quem somos” e do “por que estamos aqui”.
Não surpreende, então, que seja objeto de inúmeros estudos, que demonstram encontrarmos felicidade nos relacionamentos, no trabalho, no local onde vivemos e nas condições financeiras, apenas para citar alguns exemplos.
Pesquisas recentes sugerem uma forma ainda mais simples de viver uma vida feliz: contar histórias, especificamente a história de nossa vida.
Basta visitar sites de vendas de livros e cursos ou entrar em uma livraria para nos depararmos com uma enorme indústria da felicidade e do pensamento positivo, estimada em mais de 11 bilhões de dólares por ano apenas nos EUA, em 2024.
As histórias que vivemos ou criamos, alinhadas com nossas experiências e emoções, tecem a ilusão de uma felicidade plena. Longe de ser uma falácia, essa percepção evidencia a habilidade extraordinária do ser humano em superar adversidades e encontrar luz mesmo nas sombras.
O Storytelling é, portanto, um pilar fundamental na edificação da felicidade, pois ao compartilharmos e nos reconhecermos nas narrativas de alegria e superação, nutrimos um otimismo que permeia nosso ser, fomentando um bem-estar coletivo.
As histórias, quer pessoais ou corporativas ou literárias, que escolhemos partilhar e acolher não apenas enobrecem a nossa jornada, mas entrelaçam os nossos destinos como espécie, semeando um campo fértil para a ‘felicidade’ florescer.
Por isso, em uma realidade que parece ebulir de tragédias, precisamos compartilhar mais histórias felizes. Elas têm o poder de contribuir para o nosso bem-estar porque nos permitem vivenciar vidas além da nossa e nos confrontam com as profundezas de nossa própria humanidade.