*Cristina Navalon
Um estudo publicado pela Associação Médica Americana constatou que cerca de 20% dos jovens possuem algum tipo de ansiedade. O número de afetados duplicou nos últimos anos, em meio ao isolamento social. No Brasil, uma escola em Recife se deparou com um caso grave: um surto de ansiedade coletiva que deixou pelo menos 20 crianças e adolescentes com sintomas como tremedeira e falta de ar.
O problema está presente na nossa sociedade ainda de forma silenciada. A infância é a época da nossa formação psíquica e o acompanhamento destes casos se faz necessário. As razões para o aumento da ansiedade variam desde a falta de interação pessoal até o uso excessivo das redes sociais, que fomentam uma falsa ideia de perfeição, aumentando a pressão sobre os jovens.
Os danos podem ser eternos e a escola, assim como a família, tem um papel fundamental para o desenvolvimento da criança. A figura da mãe suficientemente boa, que escuta e acolhe, pode aparecer no próprio professor, responsável não apenas pela educação do menor, mas na sua construção social. O trabalho do educador deve ser de cuidado, atuando de forma prévia a perceber as aflições da sala de aula.
Os gatilhos, ferramentas que desencadeiam as crises de ansiedade, estão presentes em pequenas coisas: uma palavra, um gesto, uma brincadeira. É preciso ficar atento a esses detalhes. Uma única criança em crise pode gerar um pânico generalizado, culminando em um surto coletivo.
A diferença pode ser feita por meio de ações diárias que fortaleçam as habilidades sociais dos jovens e melhorem sua autoestima. O diálogo é a melhor alternativa para superarmos este caos instaurado. E a escola, em seu papel de criação e educação, pode ser a ferramenta que carecemos. Acima de tudo, precisamos falar sobre ansiedade.