REINALDO SILVA
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De 1º a 22 de outubro, o preço da arroba bovina acumulou redução de 6,5% na comparação com a média de setembro. A queda, no entanto, não foi percebida no mercado varejista e apenas dois entre os principais cortes ficaram mais baratos: o contrafilé e a carne moída baixaram 2%. Costela e peito não tiveram alteração, coxão mole e acém subiram 1%, patinho teve alta de 3%, no caso da alcatra o crescimento foi de 4%. A alta mais expressiva foi a do filé mignon, 12%. Os números são do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), e dão o panorama de todo o Paraná.
Ao Diário do Noroeste, o médico veterinário Fábio Mezzadri, analista da conjuntura pecuária do Deral, informou que a paralisação das exportações da carne bovina brasileira para a China permitiu o reabastecimento do mercado doméstico. “Maior oferta interna reduz preço.” A suspensão das vendas para o país asiático aconteceu no início de setembro, depois da confirmação de casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina, também chamada de doença da vaca louca, em Minas Gerais e Mato Grosso.
Mezzadri avaliou que o envio da produção nacional para o mercado chinês deverá ser retomado em curto prazo, afinal, o Brasil mantém o status de risco insignificante para a doença. A China é um dos principais parceiros econômicos – de 2018 a 2020, as exportações de carne bovina cresceram 170%. Com a paralisação temporária do fornecimento, as negociações internacionais do produto caíram de 8 mil toneladas para 4,5 mil toneladas por dia.
Confirmada a tendência de volta da exportação para o país asiático, o mercado interno voltará a ser afetado. Menos carne representa maiores preços. Foi o que aconteceu ao longo de todo o ano, informou o médico veterinário do Deral: “De janeiro a setembro, antes da paralisação, o preço da arroba subiu 12%”, média paranaense. O Núcleo Regional da Seab de Paranavaí chegou a cotar valores próximos de R$ 310. A redução gradativa desde o mês passado empurrou a estimativa atual para R$ 270.
Boi gordo – O longo período sem chuvas regulares que afetou o Paraná em 2021 comprometeu a engorda os rebanhos. “A estiagem atrasou o desenvolvimento das pastagens de verão e de inverno e acabou com o milho para grão e com a soja. Isso encareceu o preço da alimentação do gado e elevou o custo de produção”, analisou Mezzadri.
Agora, durante os meses de primavera e verão, os pecuaristas fazem a preparação dos animais. Quando os rebanhos engordam, o produtor precisa acelerar as vendas, por isso, a partir de março e abril do ano seguinte, há maior concentração de vendas e pode ocorrer redução dos preços ao consumidor final, o que se espera para 2022. Mesmo assim, alertou o médico veterinário, “tudo vai depender do comportamento do mercado externo e do clima a partir de agora”.