REINALDO SILVA
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O preço da mandioca tem crescido gradativamente ao longo de 2022. Para se ter uma ideia, em 45 dias, o valor médio da tonelada subiu 11%, passando de R$ 684,40 em 31 de janeiro para R$ 765 ontem (17). Os números são do Núcleo Regional da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), que faz cotações diárias da produção agropecuária em municípios do Noroeste do Paraná.
Conforme o levantamento, que considera a mandioca padrão (580 gramas), ontem o preço máximo chegou a R$ 783.
A avaliação do presidente do Sindicato Rural de Paranavaí, Ivo Pierin Junior, é que as elevações decorrem de uma somatória de fatores, a começar pelos problemas climáticos. A estiagem que atingiu o Paraná a partir do segundo semestre de 2019 trouxe a pior crise hídrica dos últimos 50 anos e comprometeu a produtividade no campo. A falta de chuvas regulares se estendeu até dezembro de 2021.
Outra situação que teve influência sobre as lavouras foi a forte onda de frio que passou pelo Estado no inverno passado, com duas geadas – em junho e julho.
Pierin Junior, que também é diretor da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), afirma que os custos de produção estão mais altos. Cita como exemplos os preços dos fertilizantes e do óleo diesel utilizado nas máquinas.
O avanço de outras culturas e a concorrência desmotivaram muitos produtores. Milho, trigo e batata têm apresentado condições mais competitivas, havendo uma forte tendência de redução na área de plantio. Quando a oferta cai, os preços sobem, caso do cenário atual.
Agora que a colheita está sendo retomada, a orientação de Pierin Junior é que os produtores administrem de forma prática o estoque de matéria-prima, nem muito, nem pouco. O desequilíbrio pode trazer escassez e preços proibitivos. “No final, isso seria ruim para toda a cadeia produtiva”, pondera o presidente do Sindicato Rural de Paranavaí.
Mercado internacional – Pierin Junior fala do potencial exportador do Brasil. Compara a produção nacional total de fécula de mandioca, em torno de 500 mil toneladas por ano, ao volume de exportação da Tailândia, aproximadamente 3 milhões de toneladas. A diferença é grande e mostra que a mandiocultura brasileira pode crescer muito.
Em 2021, os produtores brasileiros intensificaram o fornecimento de derivados de mandioca para o mercado internacional, com destaque para Estados Unidos, Europa e América do Sul. À medida que o setor se profissionaliza, avançam as perspectivas de ampliar esse alcance.
Segundo Pierin Junior, a busca por alimentos em todo o mundo cresceu e o Brasil tem batido recordes de exportação nos últimos anos. Com a produção agropecuária em evidência, a valorização da mandioca nacional precisa ser incentivada com investimentos em tecnologia e aumento da produtividade.