REINALDO SILVA – reinaldo@diariodonoroeste.com.br
O prefeito de Paranavaí, Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado KIQ), recebeu a equipe do Diário do Noroeste para uma entrevista exclusiva sobre os resultados obtidos em 2023 e as expectativas para o ano seguinte, o último de seu mandato. Discorreu sobre projetos, investimentos e obras e citou uma frustração enquanto gestor municipal. Na ocasião, também avaliou o cenário político que se desenha para as eleições de 2024.
O Diário do Noroeste separou os principais trechos da entrevista e reproduz a seguir, conforme os temas tratados com o prefeito KIQ.
Conquistas de 2023
Este ano eu colocaria como marcos de realizações a Avenida Guaporé, que é um pedido de 20, 30 anos da população do Jardim Morumbi, e agora a inauguração do Restaurante Popular, que foi uma obra que deu bastante trabalho. Quando a gente vê uma refeição sendo servida a R$ 3, um valor simbólico, acho que isso é um legado bastante importante.
O IBC, que avançou muito bem e a perspectiva é entregar antes do prazo previsto em contrato. É uma obra de R$ 8 milhões. Vai permitir que leve toda a Secretaria de Infraestrutura, com estrutura nova para o pessoal: a gente vai conseguir dar mais qualidade para os servidores e melhorar o atendimento à população.
Tivemos a reabertura do Aeroporto Edu Chaves, com a pista totalmente recapeada. O investimento foi em torno de R$ 8 milhões. Isso coloca Paranavaí literalmente na rota do Brasil e está adiantada a questão de a Infraero assumir o aeroporto. A reforma da pista colocou Paranavaí num outro patamar e a Infraero demonstrou interesse em assumir. O anúncio provavelmente será feito no começo de 2024.
Os investimentos iniciais seriam em torno de R$ 15 milhões para a construção de um saguão, balizamento noturno, uma série de coisas. Com a privatização de grandes aeroportos, que saíram da gestão da Infraero e estão com a iniciativa privada, há fundo para investir em aeroportos e tem o pessoal.
A ideia dos voos regionais é muito importante. Daqui pode baratear as passagens para viagens, principalmente de negócios, porque ou você tem que ir pra Maringá ou, de repente, dependendo do trecho, para Curitiba. As pessoas vão embarcar aqui e fazer esses voos com mais facilidade. Para a economia de Paranavaí vai ser um passo muito grande, uma evolução muito grande.
Problema a ser resolvido
Uma pendência principal, o buracão da Vila Operária. Foi nossa maior frustração este ano. Porque o recurso é 50% do município, 50% do estado. Nossa parte está reservada para esse fim, que seria a contrapartida. Mas a fonte de recurso do Estado é o Fundo Estadual do Meio Ambiente. E há uma discussão judicial: o recurso veio de uma multa aplicada para a Petrobras, se esse recurso pode ser investido em parques urbanos, mas a Justiça deu uma liminar proibindo a aplicação desse recurso.
Em conversa recente, o govenador Carlos Massa Ratinho Junior disse que se esse recurso não for desbloqueado, o Estado vai arrumar outra fonte de recurso livre para que a gente toque essa obra.
Teatro Municipal Dr. Altino Afonso Costa
Não dou tanta importância para o teatro quanto outras pessoas dão. Pergunto para vocês: qual evento deixou de ser realizado porque o teatro está em reforma? Minha visão é contrária a isso. Nenhum evento deixou de ser realizado em razão da reforma do teatro. Pelo contrário, os eventos que eram realizados no teatro e foram levados para praças públicas tiveram potencial muito maior. Não vejo como o Femup ser levado para dentro do teatro. Hoje você coloca 3 mil, 4 mil pessoas no Femup quando no máximo você colocava 350 dentro do teatro.
O show de encerramento, por exemplo: como é que eu escolho 350 pessoas para assistir a um show da Roberta Campos, quando a gente tem na Praça dos Pioneiros 2 mil, 3 mil pessoas? O teatro tem um simbolismo, mas em termos de utilidade, o avanço que a gente teve na área da cultura praticamente deixa ele obsoleto, pelo tamanho e pela cultura que a gente criou.
Futebol
O interesse do ACP é ter um espaço próprio, que não seja o Waldemiro Wagner. Nenhuma empresa assumiria as despesas de um estádio daquele, que tem uma estrutura obsoleta, tem estrutura física comprometida e que demanda muito investimento. É inviável manter o estádio nas condições em que ele está e sempre colocaram: ‘vamos deixar isso para o ACP’, mas hoje não é da vontade do ACP. Neste primeiro momento de estruturação, quando o time for mandar jogos, como o município não tem outro espaço e até ser estruturado o estádio do Sumaré, por exemplo, vai utilizar ali o WW.
O futebol acontece dentro de campo. Não é uma ciência exata. O que esperar do ACP, e isso eu posso garantir, é organização, gestão transparente. No dia 9 de janeiro haverá prestação de contas de tudo o que foi feito neste ano, apresentar para os patrocinadores e a imprensa. O projeto é subir pra Série A e, estando na série A, buscar uma vaga na Copa do Brasil, que só aí haverá retorno financeiro para os investidores. Por ora é só investimento. Este ano, contando os patrocínios, o time custou mais de R$ 1 milhão para subir pra série B.
Transporte coletivo
A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) está terminando um estudo complexo. A pandemia mudou a dinâmica do transporte coletivo no Brasil. Hoje nosso contrato é feito por usuário e agora para viabilizar, tem que ser por quilômetro rodado. A dinâmica dos editais, das licitações, mudou totalmente. A gente vai deixar o processo licitatório. Não sei se este ano a gente consegue trocar a empresa, mas o processo licitatório deve ser realizado para que em 2025 já comece a operar nova empresa, ou essa que está aí, mas de acordo com a nova licitação.
Política
Vejo a eleição hoje como uma oportunidade de unir Paranavaí. Cada um tem sua vontade, seu desejo, muitos já se declararam pré-candidatos, acho que é o momento de sentar todo mundo e discutir um projeto para Paranavaí. Já deixei bem claro que não vou apoiar nome, vou apoiar projeto.
Alguém vai ter que abrir mão. Não se concilia sem que alguém abra mão de alguma coisa. Sempre me reputaram como se eu fosse responsável pela inexistência de diálogo, agora quero ver. Cada um precisa entender seu lugar e dar sua contribuição.
Eu tenho um grupo, sim, mas também não sou cego. Quero que esse grupo apresente um projeto para a cidade e não seja também um projeto de poder. Nosso grupo é muito forte e dentro desse poder, a partir do momento que a gente achar que não precisa conversar com ninguém, aí vira soberba. A soberba precede a ruína. Acho que agora, justamente por ter poder, é hora de conversar, colocar as cartas na mesa.
Tião Medeiros
Converso toda semana com o Tião. Em todas as eleições dizem que estamos rachados. Isso é mentira, fora da política eu tenho amizade com Tião. Falei com ele “o compromisso que tenho com você, de estar com você todas as vezes que você for candidato, não tem a ver com você, tem a ver comigo, porque você me trouxe para a política. Eu não me sentiria bem se saísse contra ele, nem que a gente brigue. Não existe qualquer tipo de afastamento meu e do Tião. A gente diverge, sim, inclusive em assuntos de gestão. Mas isso nunca de forma belicosa, conversamos como amigos.
Mensagem aos paranavaienses
Tenho que agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser prefeito durante sete anos, com dois anos de pandemia a fio. Foi um desfio muito grande, que me permitiu evoluir muito, enxergar o mundo e as pessoas de forma diferente. Comecei a brigar muito menos, dar importância a coisas pequenas que muitas vezes não dava. Agradecer as pessoas por terem confiado em mim e a Deus por ter me preparado para passar por tudo isso. Gostaria que as pessoas vissem essa evolução, que não sou perfeito, longe disso, mas tentassem melhorar também e ser mais compreensivas. Isso é a base de tudo.