Veja trechos da última entrevista exclusiva concedida por Rubens Felippe ao Diário do Noroeste no dia 16 de setembro de 2021 e publicada na edição impressa de 18 de setembro daquele ano
ADÃO RIBEIRO
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O ano é 1988. Paranavaí vive uma trajetória de gestores desde a sua fundação no ano de 1952, revezando no poder nomes tradicionais e de grande prestígio como José Vaz de Carvalho e Benedito Pinto Dias. Surge neste cenário um candidato a prefeito: o empresário Rubens Felippe, então presidente da Associação Comercial. Ele vence a eleição e representa uma virada, levando para a gestão pública a visão empresarial, de negociador habilidoso, diretor de uma das maiores redes de varejo do Sul do Brasil: Casas Felipe.
Por ocasião da entrevista, em 2021, ele recebeu a reportagem do Diário do Noroeste em sua casa na Rua Getúlio Vargas. Falou de sua gestão, que representou um “divisor de águas” na administração pública. Também deu opinião sobre o tempo presente e a necessidade de estimular novas lideranças para a política.
Voltando a 1988, Felippe se recorda que era vice-presidente da Aciap e que emprestou seu nome para colaborar no desenvolvimento da associação. Porém, o presidente Régis Diamante renunciou. Então, coube a ele presidir a entidade. O seu trabalho se destacou, credenciando o empresário para a disputa política. O executivo e professor Edimar Lima Cordeiro deu a ideia, acatada por todos: Rubens Felippe será o nosso prefeito.
Ciente do desafio, Felippe topou e passou a conversar sobre apoios. Foi uma disputa dura, tendo como principais adversários o popular radialista Dionísio Ferraz Júnior e o comerciante e agropecuarista Carlos Bergamini, também destacado pela sua atuação como presidente da Sociedade Rural do Noroeste do Paraná, realizadora da maior festa da região, a ExpoParanavaí.
Rubens Felippe foi para a disputa voto a voto com Ferraz Júnior e acabou vencedor. Começava ali o novo modelo de gestão, focado na visão empresarial. Ele concorda que teve sorte, pois foi um tempo de bom fluxo de caixa na Prefeitura. Também contaram a sua capacidade gerencial e a sua equipe de secretários.
O ESTÁDIO – Rubens é conhecido pela sua capacidade de fazer obras. E a maior delas é também a que guarda com mais carinho: o Estádio Municipal Waldemiro Wagner. Ele lembra que a construção foi possível porque o município economizou recursos e fez a obra com a maioria dos serviços executada por funcionários. Só serviços indispensáveis foram terceirizados. Rubens abre um parêntese para agradecer ao sobrinho então presidente do Serpavi, José Augusto Felippe, que o sucedeu na Prefeitura, eleito em 1992 para o mandato 1993/1996.
O estádio é emblemático não apenas por ter se tornado o principal cartão postal da cidade. Também resolveu o maior problema da área: uma erosão que consumia vários metros a cada chuva, ameaçando “engolir” casas e estruturas urbanas.
DISPUTAS – Felippe foi prefeito e anos depois tentou voltar ao cargo, mas teve desempenho eleitoral ruim no ano 2000, acabando em quarto lugar no pleito que elegeu Deusdete Ferreira de Cerqueira (gestão 2001/2004). Ele retornaria à cena política em 2004, na condição de candidato a vice na chapa do prefeito vitorioso Mauricio Yamakawa (gestão2005/2008). Aliás, em 2012 houve outra virada e Felippe foi vice na chapa de Rogério Lorenzetti, reeleito naquele ano e que permaneceu na administração até 2016.
Sobre conselhos, tem apenas uma dica ao ser instigado pela reportagem: Tome decisão, não adianta enrolar ou deixar para depois.
EMPRESA – O empresário ganhou notoriedade no mundo empresarial pela participação na empresa de varejo de grande projeção no Sul do Brasil. Ele se recorda que por conta das dificuldades apresentadas na década de 1990, as lojas foram vendidas para o Magazine Luiza, hoje uma das gigantes do varejo nacional.
Rubens já era produtor rural e passou a se dedicar mais ao plantio de soja em propriedade rural no Mato Grosso do Sul desde então. Paralelamente, cuidou de assuntos da empresa recém-vendida para que tudo transcorresse dentro da normalidade, inclusive jurídica.