REINALDO SILVA
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No último domingo (8), as manifestações extremadas em Brasília ganharam repercussão internacional. Bolsonaristas de todo o país se reuniram na capital federal e invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Quebraram vidraças, danificaram móveis, destruíram objetos históricos e obras de arte.
Os atos de vandalismo geraram reações rápidas dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário uniram forças para conter a insurgência. Se os manifestantes buscavam enfraquecer a democracia, alcançaram resultado totalmente adverso ao que pretendiam. Os discursos se tornaram uníssonos, apontou o presidente em exercício da Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção de Paranavaí, Wanderson Lago Vaz. As instituições saem fortalecidas.
Em entrevista ao Diário do Noroeste, ele fez uma avaliação do episódio e disse que não considera o comportamento dos bolsonaristas radicais como terrorista. “São atos criminosos de baderneiros. É preciso tomar medidas enérgicas e não deixar passar batido.” Lago Vaz cobrou a responsabilização dos agentes públicos omissos, dos executores e dos financiadores. “Ultrapassaram o limite do razoável.”
Razoabilidade. Esse é um princípio que deve prevalecer nas relações interpessoais, argumentou o presidente da OAB de Paranavaí, mas o que se vê são extremos. “Temos dificuldades para conversar sobre política hoje no Brasil.” Qualquer discordância em relação ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro é julgada como defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vice-versa. É possível fazer avaliações que estejam no meio do caminho, entre um e outro, ponderou.
E essa parcela da população, que Lago Vaz chama de moderada, é contra os atos radicais de domingo. “A manifestação pacífica faz parte do sistema democrático de direito e está prevista na Constituição Federal. Até o momento pacífico estava tudo bem. Quando começam a depredação, perdem a razão.” Resumiu: “Foi um circo de horrores”.
Sem entrar no mérito da legitimidade do processo eleitoral, contestada pelos bolsonaristas, o presidente da OAB de Paranavaí sugere: “De uma vez por todas, aceitem o resultado. Se estão descontentes, daqui a quatro anos lancem uma candidatura que mude o governo”. O que não se pode admitir é a manutenção da instabilidade social gerada pelos que duvidam dos resultados das urnas.
A preocupação de Lago Vaz é com os prejuízos causados pela destruição do patrimônio público. “Quanto vai custar para recuperar tudo?”, questionou, complementando que o dinheiro sairá dos bolsos de todos os brasileiros.
Atos em Brasília podem legitimar excessos do STF, avalia prefeito KIQ
Em entrevista ao Diário do Noroeste, o prefeito de Paranavaí, Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado KIQ), disse que os atos em Brasília no último domingo (8) dão sustentação popular para que o Supremo Tribunal Federal (STF) tome decisões que extrapolem os limites da Constituição Federal.
O prefeito avaliou que o vandalismo praticado por bolsonaristas radicais pode legitimar medidas que há muito são esperadas pelo ministro Alexandre de Morais, por exemplo, o pedido de prisão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Ao longo dos últimos quatro anos, os dois protagonizaram disputas de poder; um tensionando aqui, o outro dali.
Ocorre que Morais tentou crescer acima do nome do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou KIQ. Ele “pessoalizou” o Judiciário Brasileiro e desequilibrou a balança da democracia. A pacificação da população brasileira passa, necessariamente, pelo impeachment do ministro, defendeu o prefeito.
Mas não é só isso. Para evitar novos ataques ao patrimônio público, é fundamental e urgente que o sistema eleitoral seja revisto, dando mais transparência ao processo, a fim de evitar questionamentos sobre fraudes. A participação de outros segmentos políticos e sociais tornaria isso possível: Congresso Nacional, Ordem dos Advogados do Brasil e organizações civis. O envolvimento das forças armadas seria descartado por KIQ – a responsabilidade é com a segurança nacional e não com as eleições.
Essas questões levantadas pelo prefeito explicam por que os bolsonaristas radicais invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF, porém não justificam os atos, disse KIQ.
Na opinião dele, o quebra-quebra resulta do cenário de polarização que se instaurou no país. Há dois extremos, à direita e à esquerda, e os conflitos entre esses grupos deixaram os ânimos conduziram o Brasil até aqui. Independentemente dos posicionamentos políticos que assumem, as pessoas que ocupam os extremos não pensam por si mesmas, mas dependem de líderes. No caso de domingo, é a avaliação possível: os manifestantes foram conduzidos e incitados, sem questionamentos, apenas agiram.
Segundo o prefeito, os rumos do Brasil precisam ser tomados por quem está no meio, seja de direita, seja de esquerda. Longe dos extremos, estão as pessoas que pensam por contra própria, são moderadas e discutem ideias plausíveis, sem violência. (RS)
“Repudio de todas as formas o que aconteceu em Brasília”, declara Luís Paulo Hurtado
“Quero deixar bem claro que repudio de todas as formas o que aconteceu em Brasília.” As palavras são do vereador Luís Paulo Hurtado, que responde pela presidência da Câmara de Paranavaí. Ao Diário do Noroeste, disse que “é inaceitável”. Enfatizou que atos de vandalismo e destruição de prédios públicos não podem ser normalizados.
Ele se referiu aos resultados das manifestações de apoiadores radicais do ex-presidente Jair Messias Bolsonaros, no último domingo (8). Invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, sedes dos três poderes nacionais, pela ordem, Executivo, Legislativo e Judiciário.
Para Luís Paulo, “o direito de se manifestar é garantido pela nossa Constituição, mas desde que seja de forma pacífica. Sou e serei até o fim oposição ao governo Lula por tudo que ele representa, mas de forma consciente e coerente”. Portanto, prossegui, “jamais apoiarei atos como estes de Brasília”.
O representante do Poder Legislativo Municipal criticou os que aproveitaram a oportunidade e se posicionaram por conveniência, diferente do que defendiam anteriormente. Citou o Partido dos Trabalhadores, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Em atos como estes, em anos anteriores, o PT não só apoiava como também participava. Achavam o máximo o quebra-quebra”.
Luís Paulo reiterou que o momento exige serenidade e coerência. “Precisamos repudiar quem quer que faça esse tipo de coisa, seja de direita ou de esquerda. Espero que os vândalos sejam responsabilizados e punidos devidamente pelos estragos causados.” E concluiu: “Esse não é e nunca será o caminho correto”. (RS)
Bolsonaristas deixam manifestações em Paranavaí
Depois de semanas, manifestantes pró-Bolsonaro deixaram a concentração em Paranavaí. Os protestos à eleição de Luís Inácio Lula da Silva presidente começaram logo após a apuração das urnas, na noite de 30 de outubro de 2022. Primeiro, se reuniram na frente do Parque de Exposições, depois foram para a frente do Tiro de Guerra.
Após os atos de vandalismo em Brasília, no último domingo (8), o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o fim dos acampamentos e das aglomerações em favor do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Aos governadores do país, disse que seriam responsabilizados pessoalmente caso da decisão não fosse cumprida. Se necessário, que utilizassem o aparato das forças de segurança pública.
Ontem, não havia manifestantes no Parque de Exposições ou no Tiro de Guerra de Paranavaí. De acordo com o 8º Batalhão de Polícia Militar, não havia pontos de concentração nos municípios da região. Também não foram registrados confrontos entre manifestantes e militares estaduais e o trânsito foi rapidamente liberado em quase todo o Estado. (RS)