ADÃO RIBEIRO
Contabilista e professor universitário, Rafael Benjamim Cargnin Filho é presidente da Associação Comercial e Empresarial de Paranavaí. Na tarde da última quinta-feira, ele recebeu a reportagem do DN em seu escritório (Lupe) e falou sobre o trabalho da entidade. Otimista, afirmou que Paranavaí retomou o seu ritmo na economia ainda mais forte em relação ao período pré-pandemia. Sobre política prefere a cautela. Mas, confirma que as grandes lideranças estão conversando e o objetivo é garantir a representatividade do Noroeste nos cenários estadual e nacional.
Rafael Cargnin concorda que houve um período de preocupação quando a pandemia atingiu índices alarmantes no ano passado e também no primeiro semestre de 2021. No entanto, pondera que as empresas e os empreendedores se reinventaram.
Com a experiência de contabilista, confirma o fechamento de algumas empresas. Mas, reitera que outras abriram e muitas mudaram a atividade ou o foco e hoje faturam ainda mais. “Houve uma readequação”, analisa. No seu entendimento, o ritmo atual permite afirmar que a economia está mais forte em elação à pré-pandemia, iniciada em Paranavaí no mês de março de 2020.
Indústria – Ele rechaça a ideia simplista de que Paranavaí não tem indústria. Pelo contrário, entende que há uma grande industrialização com resultados concretos inclusive na arrecadação municipal. A indústria, avalia, já está à frente dos setores comercial e de serviços. Outros pontos positivos são o desenvolvimento da educação e saúde.
De fato, as atividades industriais lideram a geração de receitas no município. O chamado valor adicionado da indústria é de 43,51%, enquanto que o setor comercial responde por 31,98%, em segundo lugar. Os chamados produtos primários completam a composição com 24,51%. O valor adicionado é todo aquele que o produto agrega a partir da sua condição inicial ao longo da cadeia de desenvolvimento, ou seja, da sua transformação para o mercado consumidor final, incluindo os impostos incidentes.
Mudança de hábito – O líder classista também aponta mudanças de hábito a partir da pandemia. Uma delas é o investimento em tecnologia e outras formas de fazer negócios. Reuniões virtuais, vendas pela internet são ferramentas que vieram para ficar.
Porém, não vê enfraquecimento a médio prazo do tradicional comércio de rua, sobretudo, nas cidades de médio e pequeno porte, embora haja uma tendência de migração para centros comerciais em cidades de grande porte. Por outro lado, os bairros devem se fortalecer comercialmente, o que já ocorre em Paranavaí. Cita regiões importantes como as do Jardim São Jorge, do Jardim Ipê e do Distrito de Sumaré.
Defesa da classe – Ele reforça a importância da Aciap. Lembra que no auge da crise do novo coronavírus a entidade fez toda a diferença, apontando caminhos para os comerciantes como forma de reduzir o impacto e manter a economia funcionando. A Aciap buscou oportunizar as ferramentas tecnológicas e intermediou o debate sobre reabertura do comércio, visando a atender as necessidades sanitárias e também econômicas.
O líder aproveita para lembrar o bom relacionamento mantido pela sua gestão com o prefeito Carlos Henrique Rossato Gomes (KIQ). A administração municipal trabalha em conjunto com a Aciap em projetos de desenvolvimento. Um deles é o Natal, cuja campanha de fomento está em fase de adesão. Trata-se de um formato inédito em parceria com a Associação Comercial do Paraná (ACP), que distribuirá prêmios com um kit básico gratuito para os lojistas. “Há uma grande adesão”, comemora.
Mas, o presidente adverte que os empresários precisam ser arrojados para que aconteça um grande Natal em Paranavaí. Explica que a entidade vai trabalhar o fomento e a Prefeitura deve investir em decorações pontuais, alguns locais estratégicos de acesso público. No entanto, a decoração comercial é de responsabilidade dos empresários, visando a atrair consumidores para as lojas. Adverte que as decisões são tomadas por uma comissão que deve se reunir novamente na semana que vem.
Ainda como mensagem associativista, Rafael Cargnin pede que os empresários façam parte da Aciap. Lembra que há uma série de serviços diretos, incluindo cursos e outras vantagens. Mas, para além desse ganho direto, os empresários devem pensar no interesse coletivo impulsionado pela Aciap. A Associação Comercial tem ações junto a outras entidades e também a representação política, defendendo os interesses da categoria. “Basta ver o conjunto de serviços que oferecemos e o trabalho representativo. Tudo isso a um custo muito baixo, hoje R$ 39,90 por mês”, resume.
Representação política – A Aciap também tem uma preocupação histórica com a representatividade política. Nas eleições do ano que vem não será diferente. Cargnin antecipa que tem visto interesse dos maiores agentes políticos de Paranavaí por um bom entendimento. “Estão conversando e apostando no diálogo”, reitera. Ele defende candidaturas locais/regionais, mas lembra que há autoridades com domicílios em outros centros e que atendem o Noroeste. Cita que essa consciência não inviabiliza o “bairrismo” em defesa de representatividade local/regional.
Instigado, concorda que a região precisa garantir a representatividade na Assembleia Legislativa. O deputado Tião Medeiros deve pleitear uma vaga na Câmara Federal, abrindo espaço no plano estadual. Os esforços devem ser no sentido de manutenção dessa cadeira. Ele vê com otimismo a disposição de Medeiros de buscar a representação federal e concorda que se trata de um grande desafio. “Ele é jovem, tem contatos e números em mãos, além de manter conversas com diversas cidades, inclusive de outras regiões. Está confiante e ciente da missão”, elogia.
O presidente da Aciap também fala da importância do Diário do Noroeste para Paranavaí e região. Opina que se trata de um veículo de credibilidade, com grande alcance social. “Notícias no Diário dão grande repercussão”, conclui.
Cargnin tem larga experiência na vida pública. Foi secretário da Fazenda e gerente da cidade na gestão Teruo Kato (1997/2000). É um dos fundadores do Sicoob Noroeste, hoje integrante do Sicoob Metropolitano, e presidente da cooperativa até o final do ano passado, quando foi eleito presidente da Aciap. Antes, militou no Sindicato dos Contabilistas e atualmente faz parte do Conselho Regional de Contabilidade (CRC-PR).