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Foto: Ivan Fuquini
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SANTA CASA

Presidente do CIS/Amunpar aponta o diagnóstico: falta de leitos hospitalares atrasa cirurgias eletivas

Ulisses de Souza afirma que a limitação na capacidade de atendimento na Unidade Morumbi obriga os municípios da região a contratarem serviços hospitalares em outros centros

REINALDO SILVA

Da Redação

“Se não tem leito para acolher o paciente, se não tem leito disponível, a cirurgia eletiva não acontece.” A declaração do presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense (CIS/Amunpar) e prefeito de Nova Aliança do Ivaí, Ulisses de Souza, é uma resposta ao questionamento do Diário do Noroeste sobre a Santa Casa de Paranavaí – Unidade Morumbi, hospital de referência para toda a região. 

As cirurgias eletivas às quais ele se refere são aquelas sem caráter de urgência e que, portanto, podem ser agendadas de acordo com a disponibilidade de serviços e as necessidades dos pacientes. Entram na lista procedimentos de diferentes especialidades, por exemplo, ortopedia, otorrinolaringologia, cardiologia, ginecologia e oftalmologia.

A Unidade Morumbi passou a funcionar efetivamente em abril de 2022, mas nunca operou com a capacidade máxima. A estrutura reúne 90 leitos de enfermaria e 12 de UTI, todos destinados a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Desse total, apenas 30 leitos de enfermaria foram disponibilizados até agora, ou seja, há 72 inativos.

Unidade Morumbi da Santa Casa dispõe de 90 leitos de enfermaria, dos quais apenas 30 estão em funcionamento
Foto: Ivan Fuquini

A diretoria da Santa Casa alegou que faltam recursos financeiros para colocá-los em funcionamento. A ressalva é que, mesmo considerando apenas os 30 leitos operantes, o valor repassado via SUS é insuficiente para cobrir as despesas. Nesse cenário, ativar os outros 60 de enfermaria e os 12 de UTI seria impraticável.

Em recente entrevista ao Diário do Noroeste, o deputado estadual Leônidas Fávero Neto, que integra o corpo clínico da Santa Casa, contestou o argumento da diretoria. “Precisa colocar para funcionar, não dá para esperar o dinheiro chegar para começar a fazer. Tem que começar a produzir para daí avaliarmos o tamanho do ‘furo’ ou não.”

Doutor Leônidas, como é conhecido, comparou: “Todo mundo que tem uma empresa e um dia sonha em ampliar faz o quê? Amplia, vê o resultado e vai avaliando as necessidades”. Acrescentou: “[A Santa Casa] precisa criar um modelo de produtividade a mais, para que renda mais, para começar a fazer novos contratos”. Segundo o parlamentar, “é muito difícil chegar a Curitiba e pedir mais dinheiro oferecendo a mesma coisa”.

Referindo-se aos leitos ora inoperantes, a diretoria do hospital reiterou o interesse em abrir os serviços, mas sem verbas não é possível. A sugestão seria buscar junto aos governos federal e estadual novas fontes de recursos financeiros e firmar parcerias com a iniciativa privada. Essas e outras propostas deverão ser discutidas na próxima semana em provável reunião de representantes da Santa Casa com a equipe da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

CIS/Amunpar – Enquanto a solução não chega, as filas de espera por cirurgias eletivas caminham de forma lenta em todos os municípios da região. O presidente do CIS/Amunpar questionou: “Por que esses leitos ainda não estão funcionando e a população não está usufruindo desses leitos?”.

A quem interessa o atraso na solução desse problema? Certamente não aos pacientes. “Nós, como consórcio, queremos ofertar o melhor serviço para a região, para os nossos municípios. É bom que todos os leitos funcionem. [A falta de leitos gera] atraso nas cirurgias.”

Na tentativa de mitigar o sofrimento dos usuários do sistema público de saúde, o CIS/Amunpar tem recorrido a outros prestadores de serviços hospitalares. A medida alternativa não é a ideal, como avaliou Ulisses de Souza. “Entra naquela dificuldade de levar o paciente, deslocar ele para outra região. Levar paciente para Umuarama, levar paciente para Cianorte, levar paciente para Colorado. Se aqui todos os leitos estivessem funcionando, a gente poderia atender esses pacientes mais perto de casa.”

Ulisses de Souza: “Se todos os leitos estivessem funcionando, a gente poderia atender esses pacientes mais perto de casa”
Foto: Ivan Fuquini

Paranavaí – Município com maior população da Região Noroeste e, por isso, principal usuário dos serviços prestados pela Santa Casa, Paranavaí alcançou a média de 415 internamentos por mês em 2024.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a quantidade de leitos necessários para atender a demanda varia de acordo com diversos fatores, como a taxa de ocupação, a média de permanência e a capacidade ocupacional.

No primeiro quadrimestre de 2025, dos 534 pacientes que tiveram entrada na Central de Leitos, apenas 86 foram encaminhados à Santa Casa por meio da regulação de vagas; 80 pessoas foram referenciadas como vaga zero, a maioria no mesmo hospital; 182 receberam alta pela própria Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município; 108 ficaram internados pelo programa do município Melhor em Casa, que leva cuidados até a casa dos pacientes; e o restante teve encaminhamento via tratamento fora do domicílio ou recebeu alta por outros motivos.

A regulação de vagas é de responsabilidade da Secretaria de Estado da Saúde. A Sesa é o órgão público responsável por repassar a maior parte dos recursos financeiros que mantêm a Santa Casa em funcionamento, administrando verbas federais e estaduais. 

Segundo a Secretaria de Saúde de Paranavaí, a falta de leitos impacta negativamente o atendimento de saúde no município, especialmente na UPA. Em nota ao Diário do Noroeste, explicou que a situação gera “sobrecarga de pacientes que, a princípio, deveria aguardar por até 24 horas para dar entrada em um leito hospitalar, mas acabam ficando dias na UPA, muitas vezes recebendo alta na própria instituição”.

A nota da Secretaria Municipal de Saúde reforçou o posicionamento do presidente do CIS/Amunpar: “Essa insuficiência (falta de leitos) leva ao aumento do tempo de espera, diminuição da capacidade de hospitalização e, muitas vezes, à necessidade de encaminhamento de pacientes para unidades fora do município, complicando o atendimento precoce e aumentando o risco de agravamento dos casos”. 

Sesa – O Diário do Noroeste entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde para tratar sobre o tema e aguarda retorno.

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